vida a dois

Há muitos anos atrás eu vi um livro do Gary Chapman que falava das quatro estações que o casamento passa. Não cheguei a ler o livro todo, mas entendi o recado quando ele disse que todos nós passamos por verões, primaveras, outonos e até invernos existenciais na vida afetiva. Difícil mesmo, é quando o casal se percebe congelado em um frio afetivo sem medidas, onde ambos sentem que os flocos de neve congelam até os sentimentos. Não sentem necessidade de investirem em tempo juntos, não ligam mais para a opinião do outro e até mesmo os beijos deixam de ser freqüentes. Mas o que deve ser feito para recuperar a força da relação?

Antes de mais nada, é necessário esclarecer algo que muitos confundem. As pessoas em geral, pensam que o amor é um sentimento, mas não é. Ele é muito mais do que isso – é uma decisão. Se você pautar seu amor nas alegrias que vive, você dirá que nos dias felizes está amando porque tudo está bem e quando vocês brigam ou estão com raiva é porque não sabem se amam mais um ao outro . Se alegrar e amar implica em uma decisão, ou seja, muitas vezes você terá tempestades e dias frios, mas não quer dizer que deixará de amar o outro por causa disso. Quando você DECIDE amar, essa decisão independe das circunstâncias, porque você automaticamente escolheu, decidiu amar aquela pessoa. Quando isso acontece, você fecha os espaços para um possível voto de infidelidade e até mesmo de pensar em separação, porque simplesmente fez sua escolha de viver a vida na alegria e na tristeza, na saúde e na doença com a pessoa que um dia foi sua escolha. Isso é um mito que precisa ser desfeito.

Mas voltando a pergunta inicial: Como podemos recuperar os “verões” da vida a dois?

A primeira atitude necessária para as chamas se reascenderem é o casal constatar junto o vazio em que se encontram, sem perderem tempo em culpabilizar um ao outro. Nesta hora, doses extras de maturidade são importantes, pois é o momento em que o casal assume que estão necessitando retomar algumas ações, mesmo que estejam sem vontade.

Em um segundo momento, é salutar ver que se o casal tentou reaproximação, mas mesmo assim a relação ficou travada, é porque lá no fundo eles não estão vendo a relação como uma prioridade. Nesta hora é importante analisar se os filhos, os afazeres, o trabalho ou coisas extras não estão tomando mais espaço do que a relação a dois. É importante para os filhos saberem que o pai e a mãe tem o “dia do namoro”, pois assim eles crescem mais seguros.

Em terceiro lugar, o casal precisa fazer uma revisão do que falta para restaurar as ações, antes já vividas. É nesta hora em que é bom voltarmos no tempo onde tudo estava bem e lembrarmos das coisas que fazíamos anteriormente e que por motivos de forças maiores, deixamos de fazer: Temos dado menos risadas, temos estado menos afetivos um com o outro, precisamos tirar mais tempo para falar de nós dois ou de sair mais juntos? Você que está lendo essas palavras pode ser usado(a) como um instrumento para produzir isso no seu relacionamento, comentando essas soluções com seu ou sua parceiro(a).

De atenção a esses três pontos: Constatar juntos, priorizar a relação e fazer um levantamento de atitudes que precisam ser retomadas. Isso irá reaproximando o casal, onde dentro de alguns meses se sentiram reavivados novamente. Que os adolescentes sejam nossos professores quando olhamos seus exemplos e vemos que eles nunca deixam o amor em segundo plano. Amar é uma escolha.

Conta a história que um casal tomava café da manhã no dia de suas bodas de prata. A mulher passou a manteiga na casca do pão e o entregou para o marido, ficando com o miolo.
Ela pensou: “Sempre quis comer a melhor parte do pão, mas amo demais o meu marido e, por vinte e cinco anos, sempre lhe dei o miolo. Mas hoje quis satisfazer meu desejo. Acho justo que eu coma o miolo pelo menos uma vez na vida”.
Para sua surpresa, o rosto do marido abriu-se num sorriso sem fim e ele lhe disse:
– Muito obrigado por este presente, meu amor. Durante vinte e cinco anos, sempre desejei comer a casca do pão, mas como você sempre gostou tanto dela, jamais ousei pedir!
Moral da história:

Você precisa dizer claramente o que deseja, não espere que o outro adivinhe… É preciso ser explícito e claro na conversa com alguém, pois isso diminui as chances de uma distorção na comunicação.
Deixe-o falar e quando não entender, não traduza, peça que ele explique melhor.

Essa mania que muitos tem que querer que o outro adivinhe o porque a pessoa ficou chateada não é adequada, pois o outro não tem obrigação de adivinhar seus sentimentos e nem seus pensamentos. Pode ter certeza que quando alguém não entende o que você quis falar, é praticamente certo que foi você que não passou com clareza suas idéias. Isso evita uma série de confusões.

Há dias quero escrever uma matéria sobre esse assunto, mas eu queria uma metáfora que pudesse traduzir exatamente a importância desse assunto. Os casais são muito beneficiados nos atendimentos de casal e na vida conjugal, quando passam a colocar em prática a importância de não deixar dúvidas na comunicação.

Certa feita uma esposa queria agradar o marido e começou a rossar sua perna, nas pernas dele debaixo da mesa, para que ele percebesse aquilo como um gesto de carinho. Ele, que estava conversando com os membros da família, parecia não reagir ao toque e como parecia indiferente, ela se fechou e ficou comedida pela ausência de retorno do esposo. Depois de dias, ela pergunta:

– Você não viu que eu tentei te fazer carinho debaixo da mesa, no almoço de domingo?

O esposo, responde:

– Sério, eu achei que você tivesse feito aquilo porque você não agüentava mais ouvir o Renato falar!

Esse é outro exemplo da importância de esclarecer a comunicação. Se a esposa não pergunta, ela ficaria frustrada, pensando em uma porção de idéias equivocadas a respeito do marido e se ele também não tivesse comentado, poderia não entender porque a esposa se fechou depois do almoço.

Duas histórias! Esses são dois exemplos claros de como devemos agir na comunicação, pois não é a toa que 93% dos problemas conjugais são motivados pela deficiência na expressão das falas.

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