vícios

“Tive uma festa de aniversário no meio da semana.”

A mente de gordo já pensa: “Está tudo perdido! Vou estragar toda a minha dieta e o resto da semana já foi por água baixo. O pior é que como já sabia que ia comer mesmo, eu resolvi dar uma passadinha no mercado e comprei algumas guloseimas que eu gosto e não posso comer quando estou em dieta.” Tristeza, culpa, arrependimento e….mais comida. Final de outro recomeço!

A mente magra já pensa: “Os salgadinhos da festa da Eva estavam muito bons, mas nós nos divertimos tanto que até esqueci dos pratos. Após a festa, fomos para casa, assisti a um filme legal e nem lembro o que jantei…Ah! Jantei um chá com bauru.”

Percebeu a diferença entre uma mente gorda e uma mente magra? Mesmo em situações iguais, suas reações elas são visivelmente diferentes.

Para quem pensa gordo, o ato de comer provocou (por experiências anteriores já vividas), pensamentos automáticos e mentirosos que a mente gorda acredita, sem perceber que é uma armadilha mental:

“Tudo está perdido!”, “Eu não tenho jeito mesmo. Nasci para ser gordo!”.

Esses pensamentos enganosos geram tanta culpa que provocam uma compulsão maior ainda. A maneira errônea de pensar leva o indivíduo aceitar o pensamento distorcido como uma verdade absoluta, onde se aceita a derrota antes mesmo de compulsionar. Toda recaída com compulsões ou vícios ocorre primeiramente na mente, para depois partir para a ação.

Se a pessoa se negar a ser escrava desses pensamentos, terá que bloquear essa conversa interna antes mesmo de atacar o bolo inteiro.

No caso de quem pensa magro, a pessoa percebe a comida como “um dos prazeres” e não como “o grande prazer” de sua vida. A mente magra volta a sua realidade, sem ficar supervalorizando a comida ou pensando se vai ou não compensar na janta, deixando de comer isso ou aquilo. Sua vida é tocada para frente, inclusive em termos alimentares.

Caso eu pense como gordo, como eu poderia agir para pensar como a mente magra? Afinal, você quer ser magra ou emagrecer?

O primeiro ponto é saber que não é por causa de uma festa de aniversário ou por um jantar na casa de um amigo que sua dieta está perdida. Fazendo isso você já está começando a treinar sua mente a pensar magro. Para isso, você deve contestar seus pensamentos distorcidos que tentam minar sua cabeça. Quando aquela voz interna falar: “Estraguei tudo!”, você deve pensar: “SERÁ que eu realmente estraguei tudo?”. “Em que estou me baseando para confirmar essa afirmativa?” Eu passei do meu limite calórico hoje, mas posso ter controle sobre minha próxima refeição.

Não se concentre em sua derrota temporária. Se você comer dois, dez ou vinte brigadeiros, todos terão o mesmo sabor, não é mesmo?

Uma coisa é certa: se você já começou a dieta desanimado, então nem perca seu tempo, porque ninguém pode vencer aquele que já sabe que vai perder.  

Eu quero mudar, mas não consigo!

 

Karine Rizzardi

 

Parar de fumar, regular a bebida, começar uma dieta, persistir mais na academia, iniciar um curso a muito tempo já programado, enfim, mudar…. Tudo isso representa motivações que revelam o desejo de alterar nosso comportamento, porque algo não está bem.

Você sabia que há estágios para que a mudança seja realmente estabelecida? Por isso que muitas vezes iniciamos a mudança e justamente quando não queremos, interrompemos sua ação, o que nos faz sentir culpados, gerando assim, o desânimo.

Talvez você já iniciou uma dieta pela milésima vez e não agüenta mais ter que começar tudo de novo e sem grandes resultados. Parece evidente que a motivação para a mudança é afetada por uma variedade de condições que auxiliam as pessoas a reagir.

Você irá entender agora quais são elas e aprenderá também que as tristes recaídas fazem parte desse processo, até alcançar a manutenção da mudança para resolver seu problema.

O primeiro estágio que a pessoa passa, é quando ELA NÃO ACHA QUE PRECISA MUDAR. “Meu casamento não é dos melhores, mas agente já acostumou viver assim!”, “Eu fumo maconha e sei que ela não vai fazer mal!”, “Eu tenho meu colesterol alto, mas desse problema eu não morro!”

Após alguns acontecimentos, a pessoa começa a ter consciência de seu problema e entra em um processo que experimenta razões para motivá-la, mesmo assim, ELA PENSA, MAS NÃO AGE. Situações como: “Eu não acho que tenho um problema com o excesso de trabalho. Provavelmente eu trabalhe demais, mas eu paro quando eu quiser!”

Na terceira fase, o indivíduo começa se DETERMINAR definitivamente para a mudança. Esse momento é muito importante, pois é uma janela que se abre por um determinado período de tempo. “Eu preciso fazer algo em relação a esse problema.”, “Isso é sério! Alguma coisa tem que mudar!”, “O que posso fazer para mudar?”

Sem que nos damos conta, mergulhamos na quarta fase que é a AÇÃO em si. É o momento em que a pessoa começa a agir em seu favor e começa com garra e vontade, mas mudar em pequenas doses, não garante que a mudança será mantida.

Obviamente que as experiências humanas são repletas de boas intenções, seguidas de pequenos deslizes ou grandes recaídas, mas é preciso manter o desafio de continuar persistindo para entrar na MANUTENÇÃO do comportamento, que é outro estágio e é o mais importante, pois é ele que garantirá com que nos manteremos vitoriosos. Decidir pela separação conjugal, reduzir o consumo do álcool, emagrecer ou mudar de ramo profissional, é um passo inicial, mas é seguido pelo desafio de manter isso ocorrendo.

Nesse último estágio para a mudança completa, é a própria RECAÍDA. Por mais paradoxal que seja essa afirmação, é nessa fase onde se reconhece que os deslizes são parte do processo, fazendo com que a pessoa se aproxime mais do passo da mudança efetiva, mas jamais devemos ficar parados nela.

Imagine uma roda, que faz com que você circule várias vezes por estes estágios. Assim funciona a dinâmica das mudanças em nossa vida, onde nós circulamos até que não precisamos mais dela. Dois estudiosos dessa área, Prochaska e DiClemente, descobriram que os fumantes geralmente circulavam de três a sete vezes nesse círculo vicioso, cheio de recaídas e tentativas de ações, antes de deixarem de fumar definitivamente.

Fique atento as fases em que você se encontra, para sair do círculo vicioso o quanto antes. É prazeroso explorar novas habilidades pessoais.

 

A autora é psicóloga especialista de casais e família

(45) 3224-4365

drakarinerizzardi@gmail.com

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