tristeza

Há muitos anos atrás eu vi um livro do Gary Chapman que falava das quatro estações que o casamento passa. Não cheguei a ler o livro todo, mas entendi o recado quando ele disse que todos nós passamos por verões, primaveras, outonos e até invernos existenciais na vida afetiva. Difícil mesmo, é quando o casal se percebe congelado em um frio afetivo sem medidas, onde ambos sentem que os flocos de neve congelam até os sentimentos. Não sentem necessidade de investirem em tempo juntos, não ligam mais para a opinião do outro e até mesmo os beijos deixam de ser freqüentes. Mas o que deve ser feito para recuperar a força da relação?

Antes de mais nada, é necessário esclarecer algo que muitos confundem. As pessoas em geral, pensam que o amor é um sentimento, mas não é. Ele é muito mais do que isso – é uma decisão. Se você pautar seu amor nas alegrias que vive, você dirá que nos dias felizes está amando porque tudo está bem e quando vocês brigam ou estão com raiva é porque não sabem se amam mais um ao outro . Se alegrar e amar implica em uma decisão, ou seja, muitas vezes você terá tempestades e dias frios, mas não quer dizer que deixará de amar o outro por causa disso. Quando você DECIDE amar, essa decisão independe das circunstâncias, porque você automaticamente escolheu, decidiu amar aquela pessoa. Quando isso acontece, você fecha os espaços para um possível voto de infidelidade e até mesmo de pensar em separação, porque simplesmente fez sua escolha de viver a vida na alegria e na tristeza, na saúde e na doença com a pessoa que um dia foi sua escolha. Isso é um mito que precisa ser desfeito.

Mas voltando a pergunta inicial: Como podemos recuperar os “verões” da vida a dois?

A primeira atitude necessária para as chamas se reascenderem é o casal constatar junto o vazio em que se encontram, sem perderem tempo em culpabilizar um ao outro. Nesta hora, doses extras de maturidade são importantes, pois é o momento em que o casal assume que estão necessitando retomar algumas ações, mesmo que estejam sem vontade.

Em um segundo momento, é salutar ver que se o casal tentou reaproximação, mas mesmo assim a relação ficou travada, é porque lá no fundo eles não estão vendo a relação como uma prioridade. Nesta hora é importante analisar se os filhos, os afazeres, o trabalho ou coisas extras não estão tomando mais espaço do que a relação a dois. É importante para os filhos saberem que o pai e a mãe tem o “dia do namoro”, pois assim eles crescem mais seguros.

Em terceiro lugar, o casal precisa fazer uma revisão do que falta para restaurar as ações, antes já vividas. É nesta hora em que é bom voltarmos no tempo onde tudo estava bem e lembrarmos das coisas que fazíamos anteriormente e que por motivos de forças maiores, deixamos de fazer: Temos dado menos risadas, temos estado menos afetivos um com o outro, precisamos tirar mais tempo para falar de nós dois ou de sair mais juntos? Você que está lendo essas palavras pode ser usado(a) como um instrumento para produzir isso no seu relacionamento, comentando essas soluções com seu ou sua parceiro(a).

De atenção a esses três pontos: Constatar juntos, priorizar a relação e fazer um levantamento de atitudes que precisam ser retomadas. Isso irá reaproximando o casal, onde dentro de alguns meses se sentiram reavivados novamente. Que os adolescentes sejam nossos professores quando olhamos seus exemplos e vemos que eles nunca deixam o amor em segundo plano. Amar é uma escolha.

Você ficará assustado(a) com as inúmeras conseqüências que lerá sobre os filhos que se sentem rejeitados pelos pais. A propósito, muitos pais nem imaginam que seus filhos se sentem assim e é por isso que estes devem estar sondando esses sentimentos de tempos em tempos nos filhos, para não terem os problemas emocionais que poderiam ser evitados.

Inquestionável é a diferença de personalidade de um filho que sente este amor com doses diárias de afeto, daquele que sente veladamente o sentimento  de ser deixado de lado. Eu diria sem medo de errar, que grande parte dos problemas de crianças, adolescentes e adultos, tem como causa, a raiz de rejeição carimbada em seu inconsciente.

A impressão desse sentimento, pode acontecer tanto pela percepção dos filhos na convivência com os pais, como na convivência com os irmãos, quando um deles detecta que o irmão é mais preferido do que outro.

Pais que rejeitam seus filhos ainda no ventre, quando desejam o bebê de um sexo e a criança nasce com outro ou até mesmo que contém uma das características já escritas no parágrafo anterior, podem apresentar as seguintes tendências:

– Descuidos com a alimentação;

– Excesso de fumo, álcool, drogas, tranquilizantes e soporíferos;

– Tendência a acidentes pequenos e leves descuidos consigo mesmo;

– Traços de desobediência;

– Tendência a ser mais retraído que outras pessoas da mesma idade;

– Agressividade, mesmo na ausência de alguém que provoque;

– Obesidade;

– Dificuldades escolares;

– Notas baixas;

– Desatenção escolar, entre outros.

Quando a rejeição ocorre ainda no ventre da mãe, essas hipóteses se confirmam pelo sistema endócrino e do hipotálamo, que por sua vez, atuam sobre a vascularização e oxigenação uterina, interferindo diretamente no bebê, que capta essa rejeição.

Quando a rejeição ocorre somente no ventre, mas depois do nascimento, há uma maior aceitação por parte do(s) pai(s), sem dúvidas as consequências são diminuídas, mas quando a criança sente rejeições até seus doze anos, aí sim, podem ficar seqüelas emocionais para toda vida.

Teóricos acreditam que essas pessoas ficam presas a uma aspiral de rejeição, tendo vários outros comportamentos inadequados para fazerem os outros a rejeitarem, pois elas mesmas não se sentem dignas de amor. Esse ciclo vai se repetindo e se a pessoa não procura ajuda, ela não consegue sair desse redemoinho sem fim.

É por isso, que a cada dia eu me convenço mais de que aquela frase conhecida por todos, é muito verdadeira: “Permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor, mas a maior de todas elas, porém, é o amor”.

Se a rejeição pode provocar todos esses sintomas, imagine o poder e a força que o amor não tem para cura-las. Demonstrações reais de afeto curam qualquer tipo de ferida emocional.

O processo de divórcio já é difícil, mas se o divórcio é feito sem um preparo para administração de suas futuras crises, o período de reorganização familiar pode ser ainda mais complexo. Por esta razão, o casal precisa ficar atento aos sintomas que os filhos podem apresentar em diferentes etapas de suas vidas.

Este processo não tem como ser indolor. A rotina e a vida saem fora do lugar, pelo fato de tudo ser novo para os membros da família. Não é a toa que leva-se em média, de seis meses a dois anos para a pessoa se acostumar com esse período de mudança. Esse momento é semelhante a um vulcão em erupção, que quando explode, estraga com tudo o que está ao seu redor. É nessa hora em que todos precisam de força para superar os desconfortos.

Quando os filhos estão em idade pré – escolar os efeitos não tardam a surgir, pois a criança fica agitada, confusa e sente-se muito vulnerável, tendendo a culpar-se, assumindo a responsabilidade pelo que aconteceu, ex: “O pai foi-se embora porque eu sou mau”. Certa vez, ouvi um menininho dizendo: “Meu pai e minha mãe estão se separando porque eles sempre brigam na hora de me levar na casa do meu amiguinho. Tudo isso é por minha culpa.”

Quando os filhos estão em idade escolar, sobrevêm a tristeza e a depressão na maioria das situações, tendo os transtornos psicossomáticos como sinalizadores de dores de cabeça, dores de barriga, vomitos, diarréia, etc. A ausência da interação do pai nessa idade, pode resultar em dificuldades de relacionamento com amigos, professores, familiares e da própria criança consigo mesma. A figura do pai representa segurança e proteção e sua ausência pode acarretar um filho de personalidade insegura.

A pior coisa que pode acontecer em uma separação, é quando um dos pais utiliza a criança para denegrir a imagem do outro, fazer chantagem, ameaças e agressões. Isso pode comprometer o bom desenvolvimento emocional do filho no futuro e causar um estrago irreversível em suas atitudes. É por isso que não canso de repetir que pais que amam verdadeiramente seus filhos, não ficam denegrindo a imagem do (ex) cônjuge para eles. É preciso ter maturidade para separar os filhos da separação conjugal (há também muitos pais que são casados que tentam denegrir a imagem do cônjuge para os filhos e isso também vale para eles).

Com um pouco mais de idade, entre 8 a 10 anos, o filho pode apresentar uma tentativa desesperada de aproximar seus pais e nessa fase, as atividades escolares vão sendo deixadas de lado, as notas podem baixar, o interesse pelas brincadeiras diminui, os seus interesses e fantasias vão estar voltados para o desejo de uni-los.

Quando a criança tem 10 anos e na adolescência, um dos sintomas que aparece é começar a apresentar uma maturidade que na realidade não tem. O filho pode apresentar um controle excessivo de si mesmo, a fim de neutralizar a ansiedade e de vergonha pela situação. Ele também pode ser impelido a experimentar drogas e álcool, iniciar a vida sexual como forma de arranjar companhia e combater o sentimento de abandono gerado pelo desfazer da família e também apresentar um comportamento agressivo e hostil.

Sabendo desses dados, os pais poderão ficar mais atentos para auxiliar seus filhos a enfrentar um dos muitos problemas da separação.

Essa é a história de João: Homem bonito e saudável, bem sucedido e apresentável. Terminou seu trabalho na sexta a noite e estava voltando para casa. Lar, doce lar! Mas ao chegar percebe que a casa está quieta, a televisão apagada e tudo é silêncio. Ninguém para abrir a porta e ninguém a sua espera. Ele se sente sozinho e tem a tristeza como companhia. A primeira coisa que lhe passa a mente é sair e encontrar os amigos para ver se o vazio diminui; mas ele mesmo percebe que não estar com os outros só disfarçava sua angústia diminuía temporariamente sua solidão, mas no domingo o vazio era maior.

Por outro lado, tem a história da Maria: Vai para casa e está com uma série de “pepinos” para resolver. Problemas conjugais, filhos para dar conta, trabalho acumulado e o que ela mais deseja é alguém para desabafar e confortá-la, mas não dá, pois a pessoa que ela mais almeja atenção é o marido que por sinal não lhe dá ouvidos porque tem outras prioridades e aí vem o pior de todos os sentimentos: viver a solidão a dois.

Permita-me dizer-lhe uma coisa: Sua tristeza não vem da solidão. Vem das fantasias que surgem em relação a esse sentimento. No caso específico de Maria, podemos afirmar que a solidão nasce em um relacionamento a partir do momento em que os abraços, o carinho e o afeto se perdem. É quando o relacionamento deixa de ser alimentado e a troca de experiências não é mais algo prioritário. Nesta hora, as insatisfações ficam mais evidentes e o olhar se volta para aquilo o outro está deixando a desejar. Nisso, esquecemos também de avaliar qual a nossa contribuição de fazer com que essa situação permaneça.

Na situação de João, podemos considerar que talvez esteja sozinho de tantas dores já vivenciadas no passado. Já sofreu tanto com tristezas anteriores que prefere “parecer” inatingível em seus sentimentos. Deixo um aviso para os muitos Joãos que há por aí: generalizar que todas as pessoas vão lhe causar sofrimento é o mesmo que arriscar-se a perder a grande oportunidade de um bom relacionamento. Para ele, a solidão é um refúgio de sabor amargo, do qual pensa que estar consigo mesmo pode não ser uma boa e acaba achando que estar com os amigos vai fazê-lo afastar-se do que lhe causa angustia.

Mas e você: É João, é Maria ou tem outro nome? Como se comporta a sua solidão? Hoje fazemos de tudo para mantê-la afastada: entramos no carro e já ligamos o som, chegamos em casa e vamos direto para a televisão, estamos sozinhos e ligamos para alguém. Não suportamos o silêncio, pois ele pode refletir exatamente o que temos dentro de nós: um vazio existencial. O melhor jeito de administrá-la é conhecê-la. Assim poderá ver que ela pode ser boa quando lhe convir e sair para dar uma voltinha quando você não a desejar. Vou te dar uma dica: Convide-se para jantar com você mesmo(a)?

Os remédios que muitos tomam para eliminá-la, sem perceber a atraem ainda mais, como beber descompassadamente e trocas casuais e insignificantes de companhia. Medidas como essas de substituição não são eficazes no distanciamento do vazio que a solidão gera…

Aprenda isso! As coisas são conforme o nome que damos a elas. Se chamo minha solidão de inimiga, ela assim o será. É seu olhar que vai torná-la sua escrava ou sua aliada! Ouse descobrir!

Você sabia que o simples fato de recordar um evento estressante na sua vida (que não passa de um fio de pensamento), seu cérebro automaticamente libera uma descarga de neurotransmissores associado ao stress?

Já era do seu conhecimento que até as lágrimas de alegria, são diferentes das lágrimas de tristeza? Pois é! Elas sofrem composições químicas diferentes, o que comprova que uma pessoa triste apresenta lágrimas mais viscosas.

Curiosamente, até as células no nosso corpo mudam dentro de nós, conforme o tipo de música que escutamos e o estilo pensamentos que temos.

Com tanta influência negativa ao nosso redor, nem estômago de zebra resiste, não é verdade?

Mentira. A zebra é tão esperta, que nós deveríamos começar a agir como elas. A mesma só fica estressada um minuto antes de se defender do predador (leão) na savana, até sessar o perigo de morte. Passado esse tempo, ela nem sabe mais o que aconteceu e volta ficar numa boa, tranqüila e vivendo sua vida bela e formosa (o que faz o ph do estômago regularizar automaticamente).

Quase igual a gente, não é! Tendemos a remoer os problemas e tentamos nos defender das dificuldades, mesmo quando não há leões de verdade.

O autor dessa tese, nada mais é do que um acadêmico chamado Robert Sapolky. No final de sua tese de mestrado, todos os outros alunos escolheram estudar a vida dos macacos e sobrou para ele ter que observar a vida das zebras. Após sua descoberta ter sido conclusiva, ele foi o único aluno a ter destaque científico por explorar melhor a semelhança das zebras, com o comportamento humano.

Ele comprovou que pessoas que se preocupam e se desgastam demais com as situações da vida, ao longo do tempo passam pela morte de vários neurônios como conseqüência.

Sapolsky afirma também, que pessoas mais estressadas comem mais carboidratos e que um homem em crise de meia idade, não é mais estressado porque bebe mais álcool, fuma ou come mais gordura, mas simplesmente porque “ele se mantém em situações de estresse”.

Penso que em muitas vezes não é possível se desfazer imediatamente das situações de estresse, mas para não abusarmos do ph do estômago, vale a pena agir como as zebras.

Podemos não ter que matar “leões” de verdade, mas com essa informação, possivelmente conseguiremos domar os “leões imaginários”.

Eu quero mudar, mas não consigo!

 

Karine Rizzardi

 

Parar de fumar, regular a bebida, começar uma dieta, persistir mais na academia, iniciar um curso a muito tempo já programado, enfim, mudar…. Tudo isso representa motivações que revelam o desejo de alterar nosso comportamento, porque algo não está bem.

Você sabia que há estágios para que a mudança seja realmente estabelecida? Por isso que muitas vezes iniciamos a mudança e justamente quando não queremos, interrompemos sua ação, o que nos faz sentir culpados, gerando assim, o desânimo.

Talvez você já iniciou uma dieta pela milésima vez e não agüenta mais ter que começar tudo de novo e sem grandes resultados. Parece evidente que a motivação para a mudança é afetada por uma variedade de condições que auxiliam as pessoas a reagir.

Você irá entender agora quais são elas e aprenderá também que as tristes recaídas fazem parte desse processo, até alcançar a manutenção da mudança para resolver seu problema.

O primeiro estágio que a pessoa passa, é quando ELA NÃO ACHA QUE PRECISA MUDAR. “Meu casamento não é dos melhores, mas agente já acostumou viver assim!”, “Eu fumo maconha e sei que ela não vai fazer mal!”, “Eu tenho meu colesterol alto, mas desse problema eu não morro!”

Após alguns acontecimentos, a pessoa começa a ter consciência de seu problema e entra em um processo que experimenta razões para motivá-la, mesmo assim, ELA PENSA, MAS NÃO AGE. Situações como: “Eu não acho que tenho um problema com o excesso de trabalho. Provavelmente eu trabalhe demais, mas eu paro quando eu quiser!”

Na terceira fase, o indivíduo começa se DETERMINAR definitivamente para a mudança. Esse momento é muito importante, pois é uma janela que se abre por um determinado período de tempo. “Eu preciso fazer algo em relação a esse problema.”, “Isso é sério! Alguma coisa tem que mudar!”, “O que posso fazer para mudar?”

Sem que nos damos conta, mergulhamos na quarta fase que é a AÇÃO em si. É o momento em que a pessoa começa a agir em seu favor e começa com garra e vontade, mas mudar em pequenas doses, não garante que a mudança será mantida.

Obviamente que as experiências humanas são repletas de boas intenções, seguidas de pequenos deslizes ou grandes recaídas, mas é preciso manter o desafio de continuar persistindo para entrar na MANUTENÇÃO do comportamento, que é outro estágio e é o mais importante, pois é ele que garantirá com que nos manteremos vitoriosos. Decidir pela separação conjugal, reduzir o consumo do álcool, emagrecer ou mudar de ramo profissional, é um passo inicial, mas é seguido pelo desafio de manter isso ocorrendo.

Nesse último estágio para a mudança completa, é a própria RECAÍDA. Por mais paradoxal que seja essa afirmação, é nessa fase onde se reconhece que os deslizes são parte do processo, fazendo com que a pessoa se aproxime mais do passo da mudança efetiva, mas jamais devemos ficar parados nela.

Imagine uma roda, que faz com que você circule várias vezes por estes estágios. Assim funciona a dinâmica das mudanças em nossa vida, onde nós circulamos até que não precisamos mais dela. Dois estudiosos dessa área, Prochaska e DiClemente, descobriram que os fumantes geralmente circulavam de três a sete vezes nesse círculo vicioso, cheio de recaídas e tentativas de ações, antes de deixarem de fumar definitivamente.

Fique atento as fases em que você se encontra, para sair do círculo vicioso o quanto antes. É prazeroso explorar novas habilidades pessoais.

 

A autora é psicóloga especialista de casais e família

(45) 3224-4365

drakarinerizzardi@gmail.com

Será que meu filho está usando drogas?

Karine Rizzardi

Agressividade, prepotência, impulsividade, intolerância, onipotência, isolamento, não se preocupar com as responsabilidades da vida presente, são apenas alguns exemplos dos comportamentos que seu filho pode ter, quando os pais estão a caminho de descobrir se o filho está ou não usando drogas. Quando o uso começa a se tornar freqüente, geralmente eles desenvolvem a tendência de voltar-se para si mesmos, evitando todo tipo de confronto da realidade. Apresentam igualmente, falta de iniciativa, incertezas e descaso sobre os compromissos de rotina.

O que acontece com a estrutura familiar, antes de descobrir sobre o consumo de drogas (cigarro, álcool, maconha, cocaína, crack, doce, bala, drogas sintéticas e outras)?

A primeira característica que a família começa desenvolver para se proteger da dor e do sofrimento da descoberta, é esconder o problema. Com o agravamento do dependente, o mesmo começa a se isolar e o filho fica órfão de pais vivos, ou seja, como eles não querem sofrer com o choque da comprovação do fato, eles mesmos passam a desconsiderar os sinais que o filho está deixando referente ao uso, restringindo muito a comunicação. Outro perfil característico é perceber que  o certo e o errado se torna uma verdadeira confusão, pois passa-se a utilizar muitos extremos (Não deixar sair de casa quando acha que o filho está fazendo uso dos tóxicos e quando acha que o dependente já está curado, libera tudo).

Quando a família e o dependente já estão em recuperação, ambos mostram mais respeito e disciplina e quanto ao que os pais devem fazer e nesses casos, é importante salientar alguns tópicos:

O primeiro sentimento que deve ser evitado é o da culpa, além disso ser coisa do passado, não vai auxiliar o problema. O foco agora é se concentrar nas armas que a família tem para combater males piores. Não adianta, porém, o trabalho de “cura” com o dependente, sem estar associado com um trabalho com a família, pois se a família não se ajusta, é alto o índice da recaída da droga. O dependente precisa saber que jamais estará curado, mas sim, em recuperação, visando vencer os obstáculos a cada dia, para o resto de sua vida.

Por pior que seja a dor da descoberta, pior ainda é a conseqüência dos pais ficarem calados diante da situação, o que acarretará em usos cada vez mais freqüentes. É preciso saber que nessa hora, o apoio mútuo é mais eficaz do que a mútua acusação.

Na condição de pais, os mesmos tem todo direito de recusar solicitações do dependente sem se sentirem egoístas. Podem sim, sentir expressar a raiva, pedir carinho e ajuda, dizer “Não sei”, “Não concordo” e “Não compreendo”. Os pais devem e podem exigir que suas necessidades sejam satisfeitas, principalmente com relação ao respeito.

Aprenda a identificar os sinais, pois estes são sinalizadores significativos: A agressividade do filho,  deve ser vista como um pedido de ajuda, a falta do comprometimento, retrata o medo de enfrentar as mudanças das novas responsabilidades e o fato de achar que não tem problemas, isso nada mais é, do que uma forma de fugir dos próprios sentimentos.

A autora é psicóloga especialista de casais e família

(45) 3224-4365

drakarinerizzardi@gmail.com

Do sofrimento à superação

 

Psicóloga Karine Rizzardi

 

A vida é feita de momentos. Há momentos pelos quais colhemos os louros da vitória, saboreamos os manjares do banquete dos vitoriosos, dormimos o sono do cansaço da boa peleja e recebemos as honras pelo êxito. Noutros momentos, colhemos o fruto amargo da derrota, saboreamos as lágrimas amargas da tristeza, sofremos de insônia pela angústia e recebemos como prêmio, a humilhação pelo fracasso, mesmo que este seja velado.

Apesar de cada desafio a superar, há sempre uma boa notícia: nenhuma dor ou momento difícil, dura o suficiente para ser inesgotável. No momento em que não estamos bem, parece que a preocupação é eterna e que não há muitas alternativas pela frente, mas o próprio nome já fala: isso não passa de momentos…….apenas momentos. Temos momentos bons, momentos ruins e momentos vazios (que não se enquadram nem em um, nem em outro).

A vida é feita de momentos e vive bem, aquele que consegue ter consciência de que, independente das circunstâncias em que vivemos, estas nunca serão permanentes. Curiosamente quando vivenciamos momentos de tristeza, algo brilhante dentro de nós se manifesta, que é o desejo de mudar ou de sermos mudados. Coisas que talvez não faríamos se não fosse graças as nossas dificuldades. É algo que nos tira do “quentinho” da zona de conforto e nos leva aos lados mais criativos e mais refinados da nossa personalidade. No início é difícil, porque vem acompanhado de incômodo, mas depois vamos experienciando coisas novas e diferentes.

Albert Schweitzer, teólogo, médico e músico, escreveu: “A maior tragédia do homem, é aquilo que morre dentro dele quando ele ainda está vivo”. Quando o vazio da existência passa a ser uma realidade, a vida perde o seu sentido. Sem sentido, transformamo-nos em máquinas, em números, em ‘coisas’ e como tais, não aproveitamos o lado mais criativo do eu.

Ter consciência de que a vida é feita de momentos, livra-nos da petrificação dos sentimentos e, desta forma, abre-nos a novas possibilidades. A tristeza momentânea, nos obriga a melhorar o coração e muitas vezes, é só com ela, que nossas limitações são aprimoradas.

 

No início de junho, enquanto levava minha filha na escola, passava pelas ruas observando as árvores (coisa que eu nunca fazia) e pensava se a previsão para este ano seria de muito (ou pouco) frio, pois elas estavam vistosas e cheias de vida.

Mesmo que desejasse conscientemente que elas continuassem a florescer, dentro de mim surgiu uma leve sensação de desconforto por saber que a próxima estação seria o inverno e este obrigaria que as folhas caíssem e aparentemente secassem. Por certo, não me refiro única e exclusivamente as árvores, mas por ser um ser vivo, transfiro esta sensação a “nós mesmos” ao entender que somos obrigados a passar por todas as estações naturais da vida.

Não demorou muito, a chuva começou. Uma semana não bastou e quando estávamos quase três semanas sem ver um raio de sol pelas ruas da cidade, eis que o inverno veio para dar o ar da graça. Alguns dizem que é um charme, outros reclamam porque não podem sair de casa, mas independente de qual seja o prisma, o inverno é necessário, porque é através dele que uma planta se fortalece.

Se fosse substituir nomes, eu diria que o inverno seriam as tristezas, o raio de sol seria a esperança e as chuvas seriam os intervalos.

E se neste ano não fizesse tanto frio? E se pudéssemos pular uma estação, sem que seja necessário este processo de mutação? E se aquele raio de sol ficasse constantemente sem que houvesse necessidade de intervalo?

A resposta certa seria: “Não dá! Simplesmente não dá!”

O ser humano precisa muito mais do que ter a falsa sensação de viver um eterno verão ilusório. O inverno é importante porque ele permite a auto reforma e você não pode sequer passar um inverno sem que tenha se dado ao luxo de se revisar.

Imagine que você é uma árvore e que cada folha sua, são suas próprias convicções. É impossível que você queira ficar carregando milhares delas, sem que você escolha qual deseja que caia e qual deseja que permaneça. Eu posso melhorar como esposa(o)? Devo ser diferente como mãe(pai)? Posso ser 10% melhor como chefe ou como empregado? E como pessoa, será que posso ser um pouco mais paciente e menos temperamental?

Só fui entender o verdadeiro propósito da tristeza na vida quando li uma história a respeito de semente. Para que ela produza, antes é necessário que ela morra para si mesmo, pois a morte de seu ego faz com que ela abandone sua casca e com isso, produza a “cotiledone”. Esta se agarra na terra, iniciando assim, o despertar de sua raiz.

Assim como nós, as estações são necessárias para que o morrer para nós mesmos, represente renovo do dia de amanhã. É preciso ser “podado” para que possamos produzir ainda mais frutos. E se olharmos a íntima ligação da tristeza em relação a força estranha de produzir novos frutos, não iremos mais nos perguntar se podemos pular estações.

Nós simplesmente estaremos abertos e vigilantes para que quando o “inverno” chegar, o renovo seja completo.

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