Psicóloga Karine Rizzardi

Muitas pessoas não percebem que vivem tendo crises em uma mesma área da vida e tudo parece um ciclo que se repete. É quando a pessoa nunca consegue ficar com as contas em dia porque gasta mais do que ganha, é quando os pais brigam com um filho sempre pelo mesmo motivo, quando os casais voltam no assunto de dez anos atrás na hora de uma discussão e enfim, são infinitos exemplos que poderíamos citar.

Quando algo ruim acontece uma vez nas nossas vidas, considera-se um ocorrido inesperado e acidental, mas quando a situação se repete três ou mais vezes, aí é hora de analisar por que os problemas estão se repetindo.

Imagine, por exemplo, que você dirige há vários anos e de repente você bate o carro. Passa-se três meses do ocorrido e você bate outra vez. Como se não bastasse, oito meses depois, você novamente bate na traseira de outro. De quem será a culpa? Uma vez, tudo bem, mas quando se repete as circunstâncias, são sinalizadores que merecem nossa atenção para revermos nossas condutas.

Há uma frase que acho o máximo: “Não sejais como o cavalo ou a mula que são sem entendimento e que precisam de freios e cabrestos para serem dominados, porque de outra sorte não obedecem”

Muitos sofrimentos são reservados para aqueles que vivem deste jeito, pois viver assim não deixa de ser uma escolha.

Quando alguém sempre se envolve amorosamente com pessoas erradas ou quando já foi traída mais que três vezes e não toma atitude, porque será que precisa viver com esses freios de continuar repetindo a mesma dor e reprisando todo o sofrimento? Não é mais fácil ser feliz? Não digo isso de forma impulsiva, mas a vida é curta demais para ficarmos presos a circunstâncias que nos prendem.

A oportunidade de fazer escolhas inteligentes, controlar seus comportamentos para não repetir os vícios, as compulsões e os erros é o mínimo o que se espera de pessoas que ao contrário da mula, pensam e raciocinam. Creio que não precisamos repetir o sofrimento para aprendermos com eles.

Há também um detalhe nessa história que nos cabe pensar: Se somos seres pensantes e inteligentes, então, é valido considerar os erros dos outros e não precisar nem passar pelo erro. Tudo bem que é uma proposta ousada e difícil (até porque tem situações que não funcionam assim), mas é preciso usar o máximo da nossa capacidade de raciocínio. Isso é possível, pois, é só aguçar sua atenção. Um exemplo disso são os casais. Se todos eles nunca conseguem resolver seus problemas por culpar o outro dos problemas, então é válido fazermos diferentes para termos resultados mais satisfatórios.

Façamos diferentes! Sejamos mais aprimorados!

Quando dizem que se conselho fosse bom não se daria, questiono se isso é realmente verdade. É sábio tirar proveito das lições dos outros, sem precisar sofrer para mudar.

Essa é a história de João: Homem bonito e saudável, bem sucedido e apresentável. Terminou seu trabalho na sexta a noite e estava voltando para casa. “Lar, doce lar!” Mas ao chegar percebe que a casa está quieta, a televisão apagada e tudo é silêncio. Ninguém para abrir a porta e ninguém a sua espera. Ele se sente sozinho e tem a tristeza como companhia. A primeira coisa que lhe passa a mente, é sair e encontrar os amigos para ver se o vazio diminui; mas ele mesmo percebe que não, a medida que o domingo chegou e nada de diferente aconteceu – a solidão continuava lá. Será esta, a forma mais sábia de lidar com esse sentimento? E aí, o que fazer?

Por outro lado, tem a história da Maria: Vai para casa e está com uma série de “pepinos” para resolver. Problemas conjugais, filhos para dar conta, trabalho acumulado e o que ela mais deseja é alguém para desabafar e confortá-la: mas não dá: a pessoa que ela mais almeja atenção é o marido que por sinal não lhe dá ouvidos, pois tem outras prioridades e aí vem o pior de todos os sentimentos ao se sentir só: a solidão a dois.

Permita-me dizer-lhe uma coisa: sua tristeza não vem da solidão. Vem das fantasias que surgem em relação a esse sentimento.

No caso específico de Maria, podemos afirmar que a solidão nasce em um relacionamento, a partir do momento em que os abraços, o carinho e o afeto se perdem. É quando o relacionamento deixa de ser alimentado e a troca de experiências não é mais algo prioritário.  Acaba sendo predominante somente as insatisfações do que o outro está deixando a desejar, e nisso, esquecemos também de avaliar qual a nossa contribuição de fazer com que essa situação permaneça.

Na situação de João, podemos considerar que talvez esteja sozinho de tantas dores já vivenciadas no passado. Já sofreu tanto com tristezas anteriores que prefere “parecer” inatingível em seus sentimentos.

Deixo um aviso para os muitos Joãos que há por aí: generalizar que todas as pessoas vão lhe causar sofrimento é o mesmo que arriscar-se a perder a grande oportunidade de um bom relacionamento. Para ele, a solidão é um refúgio de sabor amargo, do qual pensa que estar consigo mesmo pode não ser uma boa e acaba achando que estar com os amigos vai fazê-lo afastar-se do que lhe angustia.

Mas e você: É João, é Maria ou tem outro nome:Como se comporta a sua solidão? Hoje fazemos de tudo para mantê-la afastada: entramos no carro e já ligamos o som, chegamos em casa e vamos direto para a televisão, estamos sozinhos e ligamos para alguém. Não suportamos o silêncio, pois ele pode refletir exatamente o que temos dentro de nós: um vazio existencial. Os remédios que muitos tomam para eliminá-la, sem perceber a atraem ainda mais, como beber descompassadamente e trocas casuais e insignificantes de companhia. Medidas como essas de substituição não são eficazes no distanciamento do vazio que a solidão gera…

O melhor jeito de administrá-la é conhecê-la. Assim poderá ver que ela pode ser boa quando lhe convir e sair para dar uma voltinha quando você não a desejar.

Aprenda isso! As coisas são conforme o nome que damos a elas. Se chamo minha solidão de inimiga, ela assim o será.

Você pode transformá-la no que quiser; em um monstro, uma formiga ou um leão esperando abocanha-lo(a). Porém, não finja que ela não existe. É seu olhar que vai torná-la sua escrava ou sua aliada! Ouse descobrir!

Diga-me somente um benefício que você pode ter, quando se descontrola por causa de sua raiva? Um – apenas um.

Preste bem atenção nesse provérbio, pois ele vai te mostrar uma, das muitas conseqüências que a raiva provoca: “Como uma cidade aberta sem muralhas de proteção, assim é o homem sem controle”, ou seja, a pessoa que se deixa levar pelos impulsos nervosos fica vulnerável e enfraquecido, sem poder se autoproteger, pois o seu descontrole faz com que entregue ao outro, o controle de suas emoções.

Cá entre nós: Não há nada pior do que você estar com raiva de uma pessoa e entregar na mão dela, toda a exposição de suas fraquezas e suas limitações, só para ela ter o gostinho de usar isso contra você. É como entregar o ouro na mão do bandido. Acho que é por isso que Lawrence Peter foi tão feliz quando disse que devemos falar tudo o que passar pela nossa cabeça quando estivermos com raiva, pois faremos o melhor discurso no qual nos arrependeremos.

A raiva tem sido exaustivamente pesquisada nos últimos anos e sabemos que há várias formas de controla-la: O primeiro passo é entender que é um sentimento normal a todo ser humano, mas é preciso admitir a si mesmo quando este começa a ser um problema. O segundo é comprometer-se a reagir e não deixar com que ela te domine.

Ficou com raiva? Procure o mais rápido possível estar um pouco isolado e deixar a raiva passar para pensar no que fazer e no que falar. Escrevo isso, porque as conseqüências da raiva poderão ser muito mais dolorosas, do que lidar com sua própria causa. Um exemplo: Você brigou com sua(seu) esposa(o) por que ele(a) falou algo no meio dos amigos que você não gostou. Na hora da raiva, você disse absolutamente tudo o que veio na sua cabeça, além de fazer a besteira de falar: “Você só presta para me irritar e tudo o que você faz não serve pra nada.” Conclusão: Se a pessoa tivesse só falado da situação em si e de como ele(a) se chateou com o ocorrido com os amigos, o caso é simples e objetivo de resolver, mas na hora da raiva a pessoa acabou com tudo quando disse que TUDO o que a pessoa fazia, não servia para NADA. Eles certamente ficaram horas discutindo, com o desprazer de ficar com os músculos tensos, dor de cabeça, maxilar dolorido, liberação de uma série de hormônios maléficos a saúde, sem contar com uma dose extra de mágoas e ressentimentos.

Quando você entender plenamente que a sua raiva é um comportamento autodestrutivo, tenho certeza que fará de tudo para colocar um freio nela. Não vale a pena.

Do contrário, pense o seguinte: Imagine você uma pessoa calma, sensata, agradável de se estar, por ser considerada alguém que qualquer um gostaria de estar, simplesmente por ter um temperamento manso e ponderado. Observe os extremos do nervoso, que contagia todo mundo que está ao redor, inclusive o cachorro! Está decidido: tu manterás a paz, pois a paz foi confiada a ti.

Guarde essa frase, medite e entenda o que ela quer lhe dizer, pois se pensares isso em um momento de raiva, poderá usar as situações ao seu favor e de forma construtiva. Você não irá se anular, mas garantirá o respeito dos outros pelos seus sentimentos e emoções, pois irá se expor de forma brilhante.

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