mentiras

Você sabia que neurologicamente o ser humano nasce apenas com dois tipos de medos? O medo de barulho e o medo do desapego (abandono). Isso nos convida a pensar que muitas vezes alimentamos medos irreais, que ocupam um espaço imaginário e dominante na nossa mente e nas nossas condutas diárias.

Mesmo sabendo que maioria dos medos são descartáveis, não podemos classificá-lo como uma emoção completamente prejudicial. Seria incorreto pensarmos assim, pois o medo existe para tentar nos proteger de situações ameaçadoras. Se você não tivesse medo de morrer, por exemplo, seria pouco provável que olhasse para os dois lados da rua quando fosse atravessá-la; da mesma forma se você não tivesse medo de errar no trabalho, pois teria comportamentos displicentes e irresponsáveis, sem o menor sentimento de culpa. Aconteceria o mesmo ainda, se você não tivesse medo de perder seus filhos, pois do contrário, o cuidado dos pais seria pouco supervisionado.

o medo negativo tem um perfil diferente, pois é aquele que tem um amigo inseparável chamado ansiedade e um não atua sem a presença do outro. Com ambos no comando, eles destroem oportunidades, acabam relacionamentos, impedem os outros de se desenvolver e geram inseguranças que se a pessoa não cuidar, o medo os faz de escravos… e olha que o problema não acaba por aí: O medo aparece através de várias facetas e uma delas é tentar convencer ao outro a acreditar em suas mentiras: “Você é um rejeitado!”, “Ninguém te dá valor”, “Ele não te ama mais!” “Você é muito ansioso e não vai agüentar essa situação”, “Será que aquilo que eu tanto espero não vai acontecer?”, “Serei um bom(a) pai/mãe.” e aí a listinha de incertezas vai ganhando forças a cada dia. Agir de acordo com as regras impostas pelo medo, representa viver escravo de si mesmo, negligenciando toda oportunidade de felicidade, pois medo e felicidade não combinam.

Devemos utilizar o nosso medo ao nosso favor. Se você não tiver medo de perder seu(sua) companheiro(a), você provavelmente não faria muitas coisas para manter a conquista diária do relacionamento e o contrário também é verdadeiro, pois se você der ouvidos ao seus medos, é capaz de você estragar toda uma relação construída a tempos, por causa de ciúmes e posse, que são pensamentozinhos pequenos que invadem sua mente sem pedir licença e se instalam lá dentro, sem o mínimo de respeito por você.

O medo não é algo fácil de ser gerir, principalmente quando este encontra-se na fase ativa. Acredito que o maior objetivo não está no ato de não senti-lo, mas no quanto deixamos de desfrutar a parte boa da vida, devido os medos imaginários que alimentamos.

Dúvidas curiosas em relação a educação dos filhos

Karine Rizzardi

Todo filho tem nos pais, seus maiores referenciais de vida e uma das características mais predominantes nos filhos é o desejo de aprovação. Desde uma criança pequena, até um adulto de 2mts, revelam a busca por se sentir reconhecidos. Desde um filho que seja amoroso, até aquele que parece nem ligar para o que os pais dizem, no fundo lutam por um sentido para esses pais.

É conhecido de todos, que o elogio é o maior antídoto contra o mau comportamento dos filhos (além de ser um remédio para o vínculo afetivo), mas que cuidados devemos ter para não sermos mentirosos e ficar só no “Parabéns para tudo”? Vamos, inicialmente, a alguns exemplos do cotidiano:

O que acontece quando os pais buscam o boletim do filho no colégio? “O que é isso meu filho! Duas notas vermelhas? Você poderia ter se esforçado mais!”

Damos tanta ênfase ao defeito, que desconsideramos aquilo que ele é bom.

A maioria dos pais ressalta a rebeldia, o nervosismo e a irritação do filho, mas dão pouca importância quando este acerta algo ou se comporta de forma esperada.

É claro que como toda moeda tem dois lados, nenhum filho ganha fama de “pestinha” caso seja um “anjinho”, mas se ficarmos congelados na imagem negativa do filho, realmente é muito difícil mudá-lo. Observe dois pontos:

1 – Entre as pesquisas feitas com crianças americanas, consideradas difíceis, o percentual de mudança realizado através do elogio foi considerado 32% mais efetivo do que qualquer outro método já tentado. Se este for associado a imposição de regras e cumprimento de punição dos erros, este índice duplica indo para a média de 67.8%, segundo os dados da Universidade de Chicago – IL.

2 – Ter esse dado não significada que os pais agora terão que mentir para os filhos caso eles estão realmente fora de controle. O fato de nós querermos que eles correspondam com todas as expectativas é algo ilusório como acreditar em Papai Noel, pois cada filho é único e talvez não mude, apenas melhore.

Lembro-me de um casal que tinha o hábito de fazer certificados todos os anos para os filhos, destacando suas maiores conquistas. Tinha um filho que tinha ido mau nas notas e apresentado um comportamento péssimo na aula. Com isso, eles realmente não sabiam onde iriam elogiá-lo, pois se mentissem iriam gerar algo ainda pior. Eu e eles verificamos todo seu histórico escolar, até que já cansados, vimos que ele tinha tido 100% de presença na escola e não tinha faltado nem nos dias em que estava doente. Encontramos, assim, o seu mérito e curiosamente, foi daí o que menino começou a reagir em busca da melhora.

É por isso que, desde quando o filho junta uma colher que caiu da mesa, até quando o filho ajuda os pais a arrumar a casa, em tudo eles estarão com aquele olhar atento de criança em busca de aprovação. Além dos pais os ensinarem a ter prazer por fazer o que é certo, isso tem interferência direta na autoestima e na forma como eles vão lidar com dificuldades que a própria vida irá oferecer.

A autora é psicóloga especialista em casais e família

(45) 3224-4365

drakarinerizzardi@gmail.com

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