irmãos

Quando eu era criança, lembro me que todas as vezes que eu brigava com as minhas irmãs eu percebia que elas sempre tinham uma resposta na ponta da língua que acabava com meus argumentos. Um dos meus grandes desejos, era um dia responder como elas, que eram rápidas e deixavam todo mundo sem respostas.

Não quero dizer que eu esteja estimulando as brigas entre irmãos, mas a verdade é que elas acabam trazendo alguns benefícios. O ato de lidar com as diferenças entre eles é que os ensinará a lidar com as diferenças de personalidade dos outros no futuro.

Certa vez perguntaram para um pesquisador, por que irmãos brigam tanto e ele respondeu: “Todos os filhos de seres humanos e filhotes de animais (com exceção do porco-espinho) adoram correr, rolar pelo chão e lutar entre eles. Isso melhora seus reflexos e prepara para a vida real. Um filho que luta com seu irmão(ã) ou mesmo um animal que faz o mesmo, tem mais probabilidade de sobreviver as hostilidades do mundo adulto.”

Para os pais, ao menor sinal de desentendimento, o primeiro impulso é agir como as Nações Unidas, tentando pacificar. Em geral, o filho que mais reclama é o que mais tem culpa e a intervenção pacificadora pode até trazer alguns momentos de paz, mas este pode ser curto. A questão é que, vendo que conseguem atenção, os irmãos se sentem tentados a provocar novas brigas.

Mas como lidar com as brigas entre irmãos?

– O estabelecimento de limites não impede as disputas, mas, pelo menos, os combatentes ficam sabendo até onde podem ir. Dar um de juiz não dá certo, por isso, quando vierem a você com reclamações, não julgue. Em vez disso, pergunte: Como vocês irão resolver esse problema?

– Ignore pequenas disputas. Selecione as discussões aparentemente mais preocupantes para intervir.

– Quando os filhos estão em harmonia, pontue a eles a satisfação que isso provoca: “Gosto tanto quando vocês brincam juntos assim…”

– Quando as brigas estão freqüentes demais, atribua pontos ou estrelinhas as horas passadas sem disputas. Elogie-os por isso, mas não exalte aquele que é mais pacífico ou recompense quem mais colaborou, pois isso só provocará ainda mais disputa. O ato de se dar bem, não é mais do que obrigação mútua.

– Aquela velha estratégia de mãe, quando tira o brinquedo ou desliga o computador, por incrível que pareça é a técnica mais eficaz para acabar as disputas.

– Quem quebrar um objeto pertencente ao outro vai ter que pagar o conserto, substituir o brinquedo com a própria mesada ou até mesmo, oferecer em troca algo de valor equivalente.

– Se nada funcionar, deixe os dois por algum tempo em cômodos diferentes.

Atenção: Pode acontecer de uma criança nutrir sentimentos inaceitáveis de ressentimento e vingança em relação ao irmão(ã). Isso vai além da rivalidade normal entre irmãos e exige a intervenção de um profissional.

Os pais que sofrem por causa dos ciúmes entre irmãos não precisam se preocupar, pois não é necessário a entrada para atendimento psicológico por este motivo.

O importante mesmo é eles entenderem as reações dos filhos, para auxilia-los a detectar quando o ciúmes entra em vigor e ficarem atentos para que essa rivalidade diminua, pois o grau de ciúmes entre irmãos dependerá exclusivamente a atitudes dos pais.

Entre as primeiras atitudes que os filhos mostram quando estão com ciúmes é a regressão no comportamento. Aquele filhinho amável que nunca dava problema, agora começa a querer mamar na mamadeira ou no seio da mãe novamente, volta a reagir como um bebezinho precisando de colo ou ainda em idades mais avançadas, volta a condutas de períodos anteriores da vida, quando ainda se sentia mais seguro. A criança pode estar sentindo um misto de frustrações, desejos, inveja e vontade de agredir o(a) irmãozinho(a).

Outra atitude comum é que a criança começa a mostrar uma reação de oposição e negativismo em relação a tudo o que está ao seu redor ou contra o próprio irmão. Ele começa a teimar, choramingar, contrariar ou desafiar aos pais, fazendo de tudo para obter exclusividade. Nessa hora, é importante os pais tentarem acalma-lo para que ela saiba que tem seu lugar garantido em casa e que ninguém é melhor ou mais importante que o outro. Após compreender seus sentimentos e externaliza-los ao filho, não é necessário dar atenção aos choros ou resmungos.

Em alguns casos, a criança encontra soluções mais adequadas de ajustamento frente ao ciúmes, quando os pais auxiliam ao filho reconhecer o irmãozinho como um cuidador dele, tornando-se mais maternal e mais prestativo, o ciúmes pode ser diminuído radicalmente. Outro método é quando o filho consegue descarregar as fantasias agressivas nos jogos que brinca em casa, pois isso aprimora sua capacidade de se sentir mais seguro e faz com que o ciúmes seja menos valorizado.

Se caso os pais percebam que esse ciúmes persista, aí sim é importante dar atenção maior, podendo ser resolvido com sessões de aconselhamento com um profissional que fará intervenções diretas com os pais.

Caso o ciúmes sofra oscilações, sendo que um dia o filho trata bem seu irmão e no outro lhe trata mal, então, não há com o que se preocupar. Isso é característica das fases de evolução.

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