divórcio

O processo de divórcio já é difícil, mas se o divórcio é feito sem um preparo para administração de suas futuras crises, o período de reorganização familiar pode ser ainda mais complexo. Por esta razão, o casal precisa ficar atento aos sintomas que os filhos podem apresentar em diferentes etapas de suas vidas.

Este processo não tem como ser indolor. A rotina e a vida saem fora do lugar, pelo fato de tudo ser novo para os membros da família. Não é a toa que leva-se em média, de seis meses a dois anos para a pessoa se acostumar com esse período de mudança. Esse momento é semelhante a um vulcão em erupção, que quando explode, estraga com tudo o que está ao seu redor. É nessa hora em que todos precisam de força para superar os desconfortos.

Quando os filhos estão em idade pré – escolar os efeitos não tardam a surgir, pois a criança fica agitada, confusa e sente-se muito vulnerável, tendendo a culpar-se, assumindo a responsabilidade pelo que aconteceu, ex: “O pai foi-se embora porque eu sou mau”. Certa vez, ouvi um menininho dizendo: “Meu pai e minha mãe estão se separando porque eles sempre brigam na hora de me levar na casa do meu amiguinho. Tudo isso é por minha culpa.”

Quando os filhos estão em idade escolar, sobrevêm a tristeza e a depressão na maioria das situações, tendo os transtornos psicossomáticos como sinalizadores de dores de cabeça, dores de barriga, vomitos, diarréia, etc. A ausência da interação do pai nessa idade, pode resultar em dificuldades de relacionamento com amigos, professores, familiares e da própria criança consigo mesma. A figura do pai representa segurança e proteção e sua ausência pode acarretar um filho de personalidade insegura.

A pior coisa que pode acontecer em uma separação, é quando um dos pais utiliza a criança para denegrir a imagem do outro, fazer chantagem, ameaças e agressões. Isso pode comprometer o bom desenvolvimento emocional do filho no futuro e causar um estrago irreversível em suas atitudes. É por isso que não canso de repetir que pais que amam verdadeiramente seus filhos, não ficam denegrindo a imagem do (ex) cônjuge para eles. É preciso ter maturidade para separar os filhos da separação conjugal (há também muitos pais que são casados que tentam denegrir a imagem do cônjuge para os filhos e isso também vale para eles).

Com um pouco mais de idade, entre 8 a 10 anos, o filho pode apresentar uma tentativa desesperada de aproximar seus pais e nessa fase, as atividades escolares vão sendo deixadas de lado, as notas podem baixar, o interesse pelas brincadeiras diminui, os seus interesses e fantasias vão estar voltados para o desejo de uni-los.

Quando a criança tem 10 anos e na adolescência, um dos sintomas que aparece é começar a apresentar uma maturidade que na realidade não tem. O filho pode apresentar um controle excessivo de si mesmo, a fim de neutralizar a ansiedade e de vergonha pela situação. Ele também pode ser impelido a experimentar drogas e álcool, iniciar a vida sexual como forma de arranjar companhia e combater o sentimento de abandono gerado pelo desfazer da família e também apresentar um comportamento agressivo e hostil.

Sabendo desses dados, os pais poderão ficar mais atentos para auxiliar seus filhos a enfrentar um dos muitos problemas da separação.

Filhos do divórcio

 

Psicóloga Karine Rizzardi

 

Há teóricos que defendem a idéia de não existir divórcio que seja bom para os filhos. A separação pode ser ruim ou até “menos ruim”, mas não há nenhum que seja pacífico para os membros da família.

Geralmente, a separação começa antes para um dos cônjuges, pelo qual vem elaborando dentro de si a escolha desse rompimento e fazendo o luto antecipatório. Já o outro cônjuge (que não percebeu ou ainda não quis perceber o movimento em direção a separação), sente-se traído com a notícia, com reações que podem ir desde uma depressão profunda, até um ódio destruidor. Em termos genéricos, ambos foram responsáveis pela morte do casamento, mas é muito árduo nos depararmos com o sentimento de fracasso pessoal.

O foco que vou me ater nesse tema é da reação e dos sentimentos dos filhos. Filhos estes, que ficam geralmente em três posições: de ser mala, ser muro ou cola. Pode ser estranha essa metáfora, mas os filhos se sentem empurrados a desempenhar certas funções, que além de não serem adequadas, tem todo um comprometimento emocional prejudicial.

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Entende-se por filho que faz papel de “mala”, aquele que se sente pressionado pelos pais a carregar informações de um lado para outro. Cada vez que o filho encontra o pai, este quer saber coisas da mãe, do tipo: “Para quem ela telefonou?” “Quando ela saiu?”, “Onde ela foi?” e quando o filho está com a mãe, esta pergunta: “Esse seu pai vive aprontando! Ele não deveria fazer isso!” ou “Não vai contar para ele o que eu te falei.” Neste caso, mesmo que o filho não queira passar informação, ele sente medo de ser interpretado por um dos pais, como falta de amor.

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O filho do tipo “muro” é aquele que consegue não passar nenhuma informação aos pais quando pressionado, mas reclama que sempre se vê no meio do casal quando eles brigam, tentando apartá-los. De certa forma, ele se sente como se fosse um muro que faz uma barreira para tentar acalmá-los.

cola

O filho do tipo “cola”, é aquele que no fundo deseja “colar” os pais novamente, para assim, tentar diminuir a dor do sofrimento por ele sentida. Isso é comum em todos os filhos e até natural, mas há alguns casos onde o filho se sacrifica em busca dessa “colagem”, pois fica doente ou com problemas escolares e/ou de comportamento, para fazer com que possa distrair esses pais das brigas, fazendo-os esquecer temporariamente dos conflitos.

Em meio a tanto sofrimento, a família toda se desgasta emocionalmente, porque não há quem os ensine o que devem fazer e acham que se eles tomarem partido de um, significará que estão contra o outro.

Entre as tarefas que os filhos devem fazer nesse momento (independente da idade), é buscar se distanciar do conflito conjugal a qualquer custo. Para isso, eles precisam da maturidade dos pais, pois quando se tornam “mala”, “muro” ou “cola” tenderão a se acostumar com essas brigas e desentendimentos, levando a repetição desse mesmo padrão quando tiverem suas próprias famílias… e aí, não a dor que resista.

 

 

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