Pessoas são como bueros. Por definição literal, sabe-se que os bueros são responsáveis por levar a água das chuvas para outro destino, evitando assim, o alagamento das ruas. Imagine, no entanto, um buero lotado de folhas de todas as espécies, formando assim um alagamento na rua toda. Imaginou? Agora pense que na mesma quadra, há também outro buero que está na mesma situação. É possível imaginar o estrago que dá quando dois bueros da mesma quadra ficam acumulados de folhas e a água transborda ao seu redor?
Essa metáfora é apenas uma analogia sobre o que os ressentimentos fazem na vida de duas pessoas feridas. As folhas que ficam trancando o caminho, nada mais são, do que as mágoas que as pessoas se autorizam alimentar em suas vidas, sendo umas grandes, outras pequenas, umas são recentes e outras são folhas mortas e já velhas. As brigas tem o poder de destruir o melhor das relações, sejam elas entre amigos, familiares, casais ou até colegas de trabalho. Muitas vezes os motivos são tão bobos e a maioria deles são desentendimentos onde um disse uma coisa e o outro entendeu outra, mas a deficiência na comunicação os impede de se explicarem.
O ponto chave de como lidamos como os ressentimentos é que assim como o buero, nós também temos a capacidade de selecionar as coisas que queremos ouvir ou não, ou seja, temos a inteligência de separar as sujeiras, da passagem da água. A água é símbolo de limpeza, de vida e renovo.
Não tenho dúvidas de que muitas pessoas deixam de beber as coisas novas da vida, devido ao lixo tóxico emocional que consomem quando alimentam suas próprias dores. Ao invés de procurarem limpar as feridas, ficam como aqueles que adoram lamber seus machucados e pensam que a vida se resumisse a isso. De forma incrivelmente infeliz e imatura, aindatentam contar para as pessoas ao seu redor, só para confirmarem o quanto estão certas em continuar magoadas. Bobo mesmo é o amigo que diz: “É verdade, você tem razão”, ao invés de ser imparcial.
Aprecio a frase de Ana Paula Valadão quando ela diz que “Não tem tempo para perder com ressentimentos”. Isso é mente de alguém que voa mais alto e que não se conforma em viver uma vida medíocre e insignificante. Ressentimentos significa re-sentir, repassar o mesmo fato o tempo todo, lamber as feridas e se alimentar do seu pus, achando que tem gosto é bom. Para as pessoas que pensam assim, só me resta um comentário: “Sintam prazer na sua própria infelicidade”.