Todo mundo sabe que não é bom viver um clima pesado dentro de casa e pior ainda é quando o casal briga na frente dos filhos. Eu já falei isso em outras colunas, mas os pais não imaginam o estrago que fazem quando colocam seus próprios filhos envolvidos em seus conflitos pessoais. Há até aqueles que agem pedindo conselhos e outros ficam incansavelmente desfazendo da figura do(a) esposo(a), como se o filho fosse apenas um amigo com quem você estivesse contando uma briga.
Ocorre duas coisas quando os filhos se envolvem nos contextos das brigas conjugais: Uma delas é que o filho começa a se sentir a vontade de opinar sobre o que um deve ou não fazer (isso não é nada bom) e a outra atitude é que o filho começa a se sentir responsável pela felicidade dos pais, como se ele mesmo tivesse que salva-los dos desentendimentos e se ele não conseguir, começa pensar que ele é um fracassado.
Conseqüências desse mal? A pior de todas elas é que este filho crescerá com a idéia de querer salvar o mundo. Você pode me perguntar: Mas desde quando isso é um problema, Karine?
Eu lhe digo sem medo de errar, que o filho que se acostuma viver em ambientes familiares conflituosos, tende a se envolver afetivamente com uma pessoa que sempre terá motivos para brigar e/ou que precisará de cuidados emocionais. Um exemplo disso é quando há um pai dependente de álcool e uma filha que está sempre envolvida nessas confusões. Quando ela cresce, ela tem fortes tendências de se atrair por um “homem- problema”, que se duvidar também é dependente de álcool. Isso se justifica porque a filha cresceu tendo que corrigir, ajudar e aceitar o que o pai fazia e quando se torna adulta, ela sente necessidade de também ajudar, cuidar e aceitar uma outra pessoa problemática, pois aprendeu a conviver no meio do conflito.
Para esta criança, viver em clima harmonioso e pacífico é um pouco estranho e a pessoa não consegue se sentir a vontade. Sem perceber, ela mesmo acaba produzindo brigas, pois foi assim que ela foi criada. Alguns passam até a “achar chifre na cabeça do cavalo” com outras pessoas que convive, porque foi assim que ela foi acostumada a viver. Isso a afasta cada vez mais de se sentir feliz, pois terá sempre ao seu redor, pessoas que precisem ser dependentes delas.
Existe coisa pior do que você ver seus próprios filhos sendo escravos de algo que você mesmo causou? É por isso que briga de marido e mulher deve ficar dentro de quatro paredes. Há casais que buscam alternativas que não desrespeitem os filhos: Uns saem para conversar dentro do carro, outros vão para o quarto e se fecham e há terceiros que tentam falar baixinho para que os filhos não escutem a conversa.
Ressalto que não há nenhum mal dos filhos saberem que há dias onde o pai e a mãe não estarão bem um com o outro, mas quando isso se torna um padrão constante, aí sim, os pais estão favorecendo para que o filho ter problemas.
Muitos pais ainda dizem: “Mas nós já brigamos tantas vezes na frente deles, que agora é tarde para mudar.” Eu digo para você que jamais é tarde para desfazer um erro. Se você tem sequer “um pingo” de amor pelos seus filhos, tentará priva-los de viver em ambientes ácidos, porque problemas de casais não tem nada a ver com os filhos. Aprender separar o “feijão do arroz” é o mínimo que podemos fazer quando o assunto é amar e ter o respeito por eles.