Filhos do divórcio

Filhos do divórcio

 

Psicóloga Karine Rizzardi

 

Há teóricos que defendem a idéia de não existir divórcio que seja bom para os filhos. A separação pode ser ruim ou até “menos ruim”, mas não há nenhum que seja pacífico para os membros da família.

Geralmente, a separação começa antes para um dos cônjuges, pelo qual vem elaborando dentro de si a escolha desse rompimento e fazendo o luto antecipatório. Já o outro cônjuge (que não percebeu ou ainda não quis perceber o movimento em direção a separação), sente-se traído com a notícia, com reações que podem ir desde uma depressão profunda, até um ódio destruidor. Em termos genéricos, ambos foram responsáveis pela morte do casamento, mas é muito árduo nos depararmos com o sentimento de fracasso pessoal.

O foco que vou me ater nesse tema é da reação e dos sentimentos dos filhos. Filhos estes, que ficam geralmente em três posições: de ser mala, ser muro ou cola. Pode ser estranha essa metáfora, mas os filhos se sentem empurrados a desempenhar certas funções, que além de não serem adequadas, tem todo um comprometimento emocional prejudicial.

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Entende-se por filho que faz papel de “mala”, aquele que se sente pressionado pelos pais a carregar informações de um lado para outro. Cada vez que o filho encontra o pai, este quer saber coisas da mãe, do tipo: “Para quem ela telefonou?” “Quando ela saiu?”, “Onde ela foi?” e quando o filho está com a mãe, esta pergunta: “Esse seu pai vive aprontando! Ele não deveria fazer isso!” ou “Não vai contar para ele o que eu te falei.” Neste caso, mesmo que o filho não queira passar informação, ele sente medo de ser interpretado por um dos pais, como falta de amor.

muro

O filho do tipo “muro” é aquele que consegue não passar nenhuma informação aos pais quando pressionado, mas reclama que sempre se vê no meio do casal quando eles brigam, tentando apartá-los. De certa forma, ele se sente como se fosse um muro que faz uma barreira para tentar acalmá-los.

cola

O filho do tipo “cola”, é aquele que no fundo deseja “colar” os pais novamente, para assim, tentar diminuir a dor do sofrimento por ele sentida. Isso é comum em todos os filhos e até natural, mas há alguns casos onde o filho se sacrifica em busca dessa “colagem”, pois fica doente ou com problemas escolares e/ou de comportamento, para fazer com que possa distrair esses pais das brigas, fazendo-os esquecer temporariamente dos conflitos.

Em meio a tanto sofrimento, a família toda se desgasta emocionalmente, porque não há quem os ensine o que devem fazer e acham que se eles tomarem partido de um, significará que estão contra o outro.

Entre as tarefas que os filhos devem fazer nesse momento (independente da idade), é buscar se distanciar do conflito conjugal a qualquer custo. Para isso, eles precisam da maturidade dos pais, pois quando se tornam “mala”, “muro” ou “cola” tenderão a se acostumar com essas brigas e desentendimentos, levando a repetição desse mesmo padrão quando tiverem suas próprias famílias… e aí, não a dor que resista.

 

 

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