Dias atrás, eu estava sentada em um local, observando um pai e uma filhinha de três anos. Vi que ela estava agachada, olhando compenetradamente para o chão, enquanto ele ouvia a palestra que estava sendo dada naquele momento. Nisso ela fala:
– Olha aqui, pai!
– Só um minuto filha, eu estou prestando atenção no tio que está falando.
Ela aguarda alguns segundos e novamente diz:
– Olha aqui pai, veja!
– Já falei filha, deixa o papai prestar atenção.
Ela não desistiu e pela terceira vez, pediu que o pai olhasse para o chão.
– Ta bom, minha filha, o que foi dessa vez?
A menina quietinha, foi levando sua mão gordinha para o chão e seguiu com o dedo no caminho que uma formiguinha fazia, com toda calma, curtindo ao máximo aquele momento. Nisso o pai se pos a pensar… e eu também.
A primeira coisa que me veio a mente foi: “Einstein tinha razão.” Ele dizia que a solução dos problemas mais complexos, estão nas coisas mais simples que a vida pode oferecer e essa história retrata muito bem essa característica.
Nós somos muito parecidos com esse pai, que estava tão atento as meras “importâncias” desse mundo e ocupado com os afazeres cotidianos, que deixamos de lado o ato de observar as coisas simples da vida. Como o olhar de uma criança, que explora e se encanta com tudo o que está ao seu redor, assim deveríamos ser nós ao pensar em desfrutar com mais qualidade tudo aquilo que nos cerca. Quer um exemplo?
– Qual foi a última vez que você tomou um banho tranqüilo, relaxado, sentindo as gotas do chuveiro encostar na sua pele e curtindo sem pressa esse momento de descanso?
– Quando foi que você saiu para tomar um sorvete e realmente apreciou aquele gostinho gelado descendo pela sua garganta, saboreando cada sabor que você pegava na colher? Você saboreou ou apenas engoliu? Não é a toa que as crianças nos ensinam, pois nós mesmos, quando éramos crianças, chupávamos um sorvete apreciando-o por inteiro.
– Quando foi a última vez que você lembra de ter dado um beijo de verdade, aquele beijo carinhoso e demorado na pessoa que você ama, sentindo a boca e o encontro dos lábios de forma sensível e suave?
De fato, Einstein tinha razão. Eu não tenho dúvida que o maior antídoto contra a ansiedade é o ato de saber desfrutar os momentos mais intensos de prazer e curti-los serenamente. Se todos fossem assim, não haveria tantos problemas emocionais que o ser humano tivesse que enfrentar.
Sejamos como essa criança, que aprende a curtir o caminho de uma formiga, que curte as coisas simples e que olha para o lugar onde ninguém está olhando!