Dias atrás fui a uma festa infantil e fiquei observando uma menina de 7 anos que era filha única. Seu nome era Júlia e conforme percebia sua interação, via que ela não tinha o famoso perfil dado aos filhos únicos. Muitos tem a idéia de que filho único é sinônimo de pessoa mimada, egoísta e muitas vezes, antissocial. Cria-se a crença de que são uns reizinhos e talvez a única coisa verdadeira nessas características é que não há como não serem “reis e rainhas” com somente um filho brilhando dentro de casa, mas afirmar que não todas essas outras coisas negativas, isso não é um julgamento procedente.
O estereótipo do filho único problemático nasceu em 1896 com o livro “Of Peculiar and Exceptional Children”, do psicólogo americano Granville Stanley Hall. Nele, o especialista descrevia os filhos únicos como enjoados, pouco sociáveis e desajustados. Por décadas, esse estudo influenciou outros pesquisadores, até que trabalhos mais recentes indicaram que não há diferenças significativas no desenvolvimento emocional dos filhos criados sozinhos daqueles educados entre irmãos.
O cuidado maior que realmente os pais de filhos únicos devem ter, é cuidar para não superproteger os filhos no sentido de não capacita-los para lidar com as adversidades da vida. Há também o contrário, pois tem pais que tem tanto medo do filhos não ser mimado, que acabam no outro extremo, fazendo com que seus filhos não levem folga em nenhuma área da vida.
A única tese que se mantem viva e acredito ser verdadeira, é que sempre é melhor optar por ter mais filhos, para evitar que eles crescam sozinhos ou que a família fique estática, sem expressão ou movimento, pois famílias grandes podem contemplar um índice melhor de tarefas e divertimentos quando ficam juntos, apesar de toda folia. No entanto, tudo isso é relativo e cada casal sabe de suas próprias escolhas. Na verdade, pais podem ser indulgentes, superprotetores ou permissivos demais seja qual for o tamanho da prole. O problema é que, se forem superprotetores com uma criança só, isso pesa mais sobre os ombros do pequeno e também, pode ser bastante solitário lidar com a morte dos pais e não ter com quem dividir a dor.
Pesquisas atuais também afirmam que ser filho único geralmente apresentam excelentes notas escolares. A conclusão é que, no caso das crianças sem irmãos, a pressão vem de dois lados: junto com a cobrança dos pais, elas mesmas tendem a ser mais exigentes consigo mesmas, pois têm como referência os adultos ao redor. Um estudo de 2004 da Universidade Federal do Rio Grande do Sul confirma essa tese.
Para estabelecer a educação bem formada de filhos únicos,é importante dar limites sem superproteção, estimular ao máximo a sociabilidade para que eles possam brincar e conviver com outras pessoas, não dar tudo de mão beijada e entender sua própria personalidade.
Para finalizar, há de se ver exemplos de famosos que são filhos únicos: Charlize Theron, Jô Soares, Frank Sinatra, Elviz Presley e Sartre.