Ai que saudades de mim

Fui a uma loja de eletrodomésticos e encontrei uma atendente conhecida que era alguém que tenho grande apreço. Eu olhei para ela e disse:

_ Nossa Lillian. Como você emagreceu!

_Pois é. Eu emagreci 7 kilos e estou super feliz. Eu até comentei com o meu marido que já estava sentindo falta de mim mesma porque há cinco anos eu não conseguia ficar assim.

“Que saudades de mim mesma” – Essa frase me deu eco.  Me coloquei a pensar em quantos de nós se sentem distantes de sua verdadeira essência. Isso não tem nada a ver com peso, mas com a liberdade de ser quem você quer ser.

É inegável que muitos vivem conforme os rótulos que receberam dos outros “Você é nervoso”, “Você é estressado”. Outros se moldam conforme aquilo que precisam ser para preencherem os requisitos no trabalho, na vida social ou qualquer outra área. Obviamente que esta é uma questão necessária desde que se tenha coerência e equilíbrio, mas o ponto que quero chegar é que muitos de nós tem se tornado quem não são, parecendo ser iguais aqueles atendentes de telefonia que ligam para você e dizem sempre aquelas coisas mecânicas e copiadas de uma apostila onde não há o mínimo de autenticidade.Há outros ainda que há tanto tempo deixaram de se reconhecer em si mesmos, que nem mesmo sabem quando ou onde se perderam.

Isso tudo pode parecer vago até o momento em que você volta a adotar na sua vida coisas que fazem parte do seu eu e que as vezes ficaram esquecias. A escuta de músicas que relembram bons momentos já vividos, escolher agir conscientemente de alguma forma que agrade a si e não somente aos outros por questões de conveniência, é você rever até mesmo suas amizades ou conceitos já envelhecidos.

Algumas pessoas não conseguem nem mesmo se ouvir nos mínimos desejos, pois já estão treinados a sempre ter que fazer, comer, ser, agir e pensar como uma programação a ser rigorosamente cumprida na vida.

Voltar a ter contato consigo é você se autorizar uma revisão de quem você é, de tempos em tempos. Há pessoas que continuam iguais a cinco anos atrás e isso é o ápice da monotonia.

Aquele que acha que não tem mais nada para aprender é porque não tem mais nada para ensinar. Muitos não se autorizam fazer coisas novas, tentar hábitos diferentes ou até ceder ao desejo do cônjuge de aprender algo que ele goste e que você não. É você deixar de usar roupas velhas e se autorizar a mudar seu estilo de forma a viver algo que seja compatível com seu “eu do momento” e não o “eu” que você construiu ao longo dos tempos.

Explorar o fato de ser quem você é, é se autorizar a viver a vida com o sentimento de liberdade e paz com suas próprias escolhas. Confesso que levei quase 40 anos para chegar nesse patamar e parece que só agora me sinto na verdadeira paz de poder dizer: “Eu me sinto livre para se a verdadeira pessoa que quero ser”.

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