Essa é a história de João: Homem bonito e saudável, bem sucedido e apresentável. Terminou seu trabalho na sexta a noite e estava voltando para casa. Lar, doce lar! Mas ao chegar percebe que a casa está quieta, a televisão apagada e tudo é silêncio. Ninguém para abrir a porta e ninguém a sua espera. Ele se sente sozinho e tem a tristeza como companhia. A primeira coisa que lhe passa a mente é sair e encontrar os amigos para ver se o vazio diminui; mas ele mesmo percebe que não estar com os outros só disfarçava sua angústia diminuía temporariamente sua solidão, mas no domingo o vazio era maior.
Por outro lado, tem a história da Maria: Vai para casa e está com uma série de “pepinos” para resolver. Problemas conjugais, filhos para dar conta, trabalho acumulado e o que ela mais deseja é alguém para desabafar e confortá-la, mas não dá, pois a pessoa que ela mais almeja atenção é o marido que por sinal não lhe dá ouvidos porque tem outras prioridades e aí vem o pior de todos os sentimentos: viver a solidão a dois.
Permita-me dizer-lhe uma coisa: Sua tristeza não vem da solidão. Vem das fantasias que surgem em relação a esse sentimento. No caso específico de Maria, podemos afirmar que a solidão nasce em um relacionamento a partir do momento em que os abraços, o carinho e o afeto se perdem. É quando o relacionamento deixa de ser alimentado e a troca de experiências não é mais algo prioritário. Nesta hora, as insatisfações ficam mais evidentes e o olhar se volta para aquilo o outro está deixando a desejar. Nisso, esquecemos também de avaliar qual a nossa contribuição de fazer com que essa situação permaneça.
Na situação de João, podemos considerar que talvez esteja sozinho de tantas dores já vivenciadas no passado. Já sofreu tanto com tristezas anteriores que prefere “parecer” inatingível em seus sentimentos. Deixo um aviso para os muitos Joãos que há por aí: generalizar que todas as pessoas vão lhe causar sofrimento é o mesmo que arriscar-se a perder a grande oportunidade de um bom relacionamento. Para ele, a solidão é um refúgio de sabor amargo, do qual pensa que estar consigo mesmo pode não ser uma boa e acaba achando que estar com os amigos vai fazê-lo afastar-se do que lhe causa angustia.
Mas e você: É João, é Maria ou tem outro nome? Como se comporta a sua solidão? Hoje fazemos de tudo para mantê-la afastada: entramos no carro e já ligamos o som, chegamos em casa e vamos direto para a televisão, estamos sozinhos e ligamos para alguém. Não suportamos o silêncio, pois ele pode refletir exatamente o que temos dentro de nós: um vazio existencial. O melhor jeito de administrá-la é conhecê-la. Assim poderá ver que ela pode ser boa quando lhe convir e sair para dar uma voltinha quando você não a desejar. Vou te dar uma dica: Convide-se para jantar com você mesmo(a)?
Os remédios que muitos tomam para eliminá-la, sem perceber a atraem ainda mais, como beber descompassadamente e trocas casuais e insignificantes de companhia. Medidas como essas de substituição não são eficazes no distanciamento do vazio que a solidão gera…
Aprenda isso! As coisas são conforme o nome que damos a elas. Se chamo minha solidão de inimiga, ela assim o será. É seu olhar que vai torná-la sua escrava ou sua aliada! Ouse descobrir!