Meu esposo costuma acordar pelas manhas e antes de sair para o trabalho ele geralmente me dá um beijo enquanto eu ainda estou dormindo. Houve um dia em que ele saiu e não me beijou. Nos minutos subseqüentes que levantei para tomar café e pensei: Vou escrever uma mensagem para ele. Algo como: “Por que você não me deu beijo hoje de manhã?”
Eu continuei tomando meu café, quando no seu pensamento ocorreu-me algo:
“Ao invés de escrever algo em tom de cobrança que nunca dá efeito, vou mudar minha escrita.Vou trocar uma frase negativa por algo de conotação mais serena e dócil”
Eis que enviei a ele uma mensagem que ficou assim:
“Senti falta de seu beijo hoje.”
No tocante a mensagem, segundos depois vem a resposta:
“Não quis te acordar minha princesa, mas olhei para você e fiquei te namorando.”
Essa parece uma história sem relevância e eu não sou uma pessoa sem erros, mas confesso que como esposa eu tento me esforçar ao máximo. Naquele dia, eu fui para o trabalho pensando que uma simples forma de colocar as palavras no lugar certo, faz com que o resultado produza um efeito diferente. O meu desejo era cobra-lo de não ter recebido o beijo, mas se eu tivesse escrito: “Por que você não me beijou hoje?”, seria pouco provável que eu recebesse aquela frase amável como resposta.
Quando usamos frases em tom de cobrança, inconscientemente estamos induzindo a pessoa a se defender e se fechar. Se você ouvisse ou disesse: “Por que você esqueceu de tal coisa?”, “Por que você não me dá atenção?” (sempre frisando a falha e não a parte boa), você produz no outro exatamente aquilo que não quer, ou seja, cada vez mais a pessoa tende a se esquecer das coisas e continuar sem te dar atenção.
O que me chama atenção é que todos já sabem disso, mas insistem em continuar utilizando a crítica e a cobrança como recurso nas relações, mas isso não dá certo. Que coisa insana! Todos nós somos assim. Você e eu, eu e você – ou vai me dizer que você ficaria feliz em ouvir somente críticas e frases do tipo: “Porque você não fez isso ou aquilo?”
Todos nós já sabemos o efeito que as palavras exercem na mente, mas precisamos pensar no “depois” não só no “agora”. Se eu tivesse só pensado na minha vontade de expressar a cobrança do porque ele não tinha me dado beijo, ele nem teria sido impactado de forma positiva. Meu objetivo principal não era que ele se sentisse cobrado, mas queria que ele entendesse o quanto o beijo dele é importante para mim e o quanto eu quero que ele faça isso sempre. Para isso, eu preciso raciocinar que minha forma de direcionar as palavras precisam ser bem conduzidas para que aquilo que eu desejo aconteça.
Eu estou cada dia mais convencida de que se pensássemos mais antes de falar e se nossas palavras fossem mais “abençoadoras” do que “palavras duras em voz de veludo”, nós certamente estaríamos muito mais felizes nas relações que temos mais intimidade.
Cobrar é fácil, mas fazer com que o outro deseje ser melhor com você é uma conquista exclusivamente sua. Por isso, pare de se fixar nas obrigações que ele deveria ter contigo e se concentre mais em como pode envolve-lo ao seu favor. Exerça palavras de efeito.