falar mal

Eu dei um curso de três meses para algumas mulheres, onde em um dos nossos encontros, lancei um desafio para todas que estavam presentes: “O que vocês acham de todas vocês ficarem uma semana sem reclamar de nada, sem julgar ou falar mal de alguém e cuidar para que da sua boca só saiam palavras edificantes?”

A princípio pareceu um pouco esquisito, mas lá foram elas. Uma semana depois, veja só o que pudemos ouvir no grupo: “O máximo de tempo que eu consegui ficar sem falar mal de alguém ou alguma coisa, foram seis horas.” Nossa, eu não sabia que daria tanta diferença na minha vida ficar observando as palavras que eu falo.”, “Com esse desafio, eu percebi que reclamava demais do meu marido e dos meus filhos sem perceber.”

“Eu nunca achei que ficava maldizendo as pessoas, mas esta semana eu percebi o quanto é fácil reclamar de pequenas coisas, como o calor ou o frio, do trabalho e as coisas de casa; sem contar das pessoas que sempre procuramos olhar os defeitos. O pior de tudo é que eu achava que não fazia isso”.

Preste atenção no discurso de uma outra mulher que estava conosco no curso e observe a sua maturidade: “Percebi que sempre que eu julgava alguém, eu estava me colocando em uma posição superior daquela pessoa.”

Na psicologia, as pessoas bem resolvidas são aquelas que prestam muito mais atenção em suas atitudes do que nas atitudes dos outros e para essa mulher ter tido essa percepção, só poderia ter passado por um grande processo de auto análise, porque quando julgamos os outros, estamos indiretamente querendo dizer: “Eu faço muito melhor do que você!”

Pois é; somos especialistas em darmos opiniões sobre os outros, mas analfabetos em perceber nossas próprias limitações.

Um teórico já dizia, que tudo o que nos irrita nas pessoas, nos leva a uma compreensão de nós mesmos, pois em geral, aquilo que mais julgamos nos outros, representa aquilo que eu tenho de mais mal resolvido em mim mesmo.

É curioso observar que os “experts” em julgamentos estão sempre cheios de certezas, enquanto as pessoas mais sábias estão cheias de dúvidas. Madre Tereza de Calcutá dizia que enquanto nos preocupamos em julgar as pessoas, estamos perdendo tempo de amá-las e isso é uma grande verdade.

Mas afinal, quem é uma pessoa sábia? É aquela que tem a capacidade de aprender algo com cada pessoa. Uma pessoa sábia é capaz de realmente ouvir e reconhecer que cada indivíduo pode dar uma contribuição valiosa a nossa vida. Esse é um dos maiores ensinamentos que aprendi com minha mãe.

O mesmo desafio que foi lançado as mulheres do curso, gostaria de lançar a você: Que nesta semana possa sair somente palavras edificantes da sua boca e que as pessoas possam te olhar e pensar o quanto são acrescentadas quando estão ao seu lado.

A fofoca tem o poder de contaminar relacionamentos. Seu efeito pode ser destruidor no ambiente de trabalho, pode acabar com boas amizades e até de separar familiares, mas a ênfase que gostaria de dar a esta matéria, é saber como você se posiciona quando está em um grupo onde todos estão “falando mal” de uma determinada pessoa.

Há perfis diferentes de personalidades. Para aqueles que querem se autoafirmar tendem a entrar na dança da fofoca e chegam a contar uma história que fortalece ainda mais o cunho da conversa. “O João sempre aumenta o rabo do peixe. Ele vive contando vantagens das histórias, como se ele fosse o cara”. Neste caso, a pessoa ouve a conversa e complementa: “Pois é, a última dele você não sabe. Você acredita ele falou pra todo mundo que….”.

Outras pessoas não vêem problema nenhum entrar na onda e soltar umas piadinhas. E de fato não há, quando se estão fazendo algumas brincadeiras, mas tudo depende da motivação de quem fala. Exemplo: Um marido que faz um comentário sincero sobre o corpo da vizinha. A mulher ouve e com sua inveja camuflada, comenta: “É verdade, mas ela deu uma engordadinha nesses últimos meses.” Outro exemplo é quando homens estão falando que o fulando está se dando muito bem nos negócios e que até trocou de carro. Nisso entra a conversa de outro invejoso camuflado que diz: “Pois é, mas ele só está bem, porque seu pai deu uma ajudinha”. Neste caso, por que não dizer: “É verdade. Ele está se dando muito bem mesmo”. Comentários dolosos assim, escondem uma insatisfação consigo mesmo e auxilia a pessoa a não entrar em contato com suas angústias. Traduzindo: É mais fácil eu criticar o motivo que está fazendo o outro enriquecer, do que eu reconhecer a mim mesmo que eu não estou enriquecendo.

Pare para perceber: Cada vez que você observa mais e fala menos, você percebe que aquele que mais fala mal dos outros é sempre o menos resolvido e o mais inseguro. Quem se sente inferior precisa distrair os outros com comentários denegrindo a imagem das pessoas, para não dar tempo que percebam suas próprias imperfeições.

É por isso que lhe lanço um desafio: Se posicione diferente da próxima vez que você ver pessoas falando mal de alguém. Aponte qualidades da pessoa, tente justificar bondosamente suas ações ou então fique quieto, mas não de conversa para burburinhos. Não faça isso para ser reconhecido, nem porque é elegante, mas simplesmente aja diferente.

As pessoas tem um padrão de se comportar que chega a cansar, pois falar mal do outro é sempre o assunto preferido…. Idéias vazias, comentários efêmeros… Tente ser diferente e se posicione em lugares como em uma conversa de salão, um happy our com os amigos, o almoço do domingo com a família.

Abra sua boca para falar coisas que acrescentem a vida dos outros. Tenha em mente de fazer com que as pessoas que conversam com você saiam edificadas e pare de perder tempo com comentários que não ajudarão acrescentar na vida de ninguém, até porque, amanhã ou depois, poderá ser você um alvo de fofoca.

Não fale mal do ex aos filhos

 

Karine Rizzardi

 

“Seu pai nem sabe o que acontece nessa casa!”

“Sua mãe que é culpada por vocês terem aprontado!”

“Eu não agüento mais teu pai. Ele nunca vai mudar, mesmo!”

“Tua mãe é insuportável!”

Imagine se o feitiço virasse contra o feiticeiro e tudo o que você falou de seu(sua) esposo(a) virasse contra você? Como você reagiria se ouvisse seus filhos lhe desqualificando perante aos amigos ou para seu próprio (ex) cônjuge?

Em famílias de pessoas casadas ou divorciadas, não é difícil encontrar lares que se encaixam nesse padrão. Curiosamente, muitos pais não têm maturidade emocional para diferenciar o que é uma “briga de casal” de uma “briga familiar”. São duas situações distintas que, no momento da raiva, são desconsideradas para usarem os filhos como arma dentro da própria relação, intoxicando todo sistema familiar.

Não é novidade para ninguém, o fato de que é preciso preservar os filhos de desconfortos conjugais, mas quando essa regra não é seguida, o pai ou a mãe acusador(a) pode entrar em uma armadilha de ver seu próprio nome sendo comprometido no futuro. Obviamente que não é necessário inventar um mundo de fantasias onde tudo é perfeito, até porque, os filhos são muito ligeiros em perceber quando a relação dos dois não vai bem, mas atitudes como criticar, desfazer e/ou desqualificar o(a) parceiro(a), atinge diretamente aos filhos porque atinge a identidade deles. Aquele que critica precisa rever suas motivações, pois visa “beneficiar” a si mesmo esquecendo-se que maturidade emocional significa fazer o que é melhor para a “relação” e não aquilo que é melhor para “si”.

Muitos pais podem pensar: “Mas tudo o que eu falo é verdade mesmo! Os fatos não negam!” Eu diria a você, que fazer isso não lhe dá o direito de reforçar ainda mais a negligência da própria pessoa que você escolheu para ter filhos.

Como tudo no mundo é passageiro, hoje seus filhos podem estar ao seu favor, mas em geral, filhos são leais a cada um dos pais, mesmo não aparentando e o fato de ficarem ao seu lado hoje, não significa que ficarão do seu lado amanhã, pois como ocorrem mudanças no ciclo de vida familiar, é esperado que ocorra afastamento e proximidade em diferentes situações da vida, como a entrada da adolescência e o início da fase adulta. Por isso, não se iluda!

Querida mãe! Querido pai! Tenham postura e apresentem uma conduta refinada ao agirem. Não se submetam a entrar em jogos de argumentos ou competição, pois suas atitudes falam muito mais alto que suas palavras.

Jamais se arrependa de fazer o que é certo e mesmo que o próprio cônjuge ou ex fale de você, mantenha-se com atitudes que jamais desqualifiquem a pessoa que você é. Carl Jung, psicólogo, dizia uma frase que gosto muito: “O que você é fala tão alto, que ninguém escuta o que você diz.”

A autora é psicóloga especialista em casais e família

(45) 3224-4365

drakarinerizzardi@gmail.com

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