cigarro

Lembro-me da história de uma mulher que sua mãe foi escrava (de verdade) em Minas Gerais e ela contou que naquele tempo os donos de engenho queimavam os pés dos escravos no período da noite, para evitar com que eles fugissem. No momento em que ouvi aquela história, ligeiramente pensei que não estamos mais no tempo da escravidão, mas muitos vivem escravizados em suas mentes pelos erros que já cometeram.

A maneira como nos relacionamos com nossos erros é construída de acordo com a forma que nossos pais lidavam conosco na nossa infância. Há pais mais saudáveis que lidam com os erros dos filhos como se fossem uma forma de aprendizagem, ou seja, “Tudo bem que você errou, mas na próxima vez preste atenção no que pode te acontecer”. Ao contrário de pais mais rígidos, estes agem de forma como se os filhos não pudessem errar. Ficam estressados quando ensinam as tarefas se eles não aprendem ou os xingam quando cometem erros comuns de uma criança. Pais com este perfil se esquecem que erros são obrigatórios para a pessoa se preparar para vitórias e conquistas futuras, mas em geral, todos nós lidamos com erros como se fossem pecados mortais.

O erro na mente de uma criança se define, assim: Quando criança, os pais punem a medida que ocorrem erros, na tentativa de educa-los. Quando nos tornamos adultos, a mente do indivíduo “substitui” seus pais buscando puni-lo quando você comete deslizes. É possível ver isso ocorrer quando você teve uma atitude errada no passado e se martiriza até hoje, devido aquela atitude. Muitos ficam presos na insônia ou nos vícios da comida, cigarro e bebida, porque não se desligam das recaídas e ao invés de zerar o passado e começar um novo futuro, escolhem se autopunir.

Em relações conjugais, qualquer erro do outro é visto como absurdo, de forma que o companheiro ou a companheira tivesse a obrigação de ser perfeito. Os erros são tão importantes quanto dos acertos e se um casal pára para conversar sobre os motivos que sempre os fazem brigar, eles estão se prevenindo de crises futuras.

Erros não precisam ser fontes de castigo, de culpa e de vergonha, mas podem ser fontes de virtudes se tiverem a serviço do aprendizado. A culpa e o medo de errar nos paralizam e nos deixam presos a inverdades. Aqueles que não matam diariamente dentro de si o compromisso com a perfeição sofrem tanto, que não se dão conta que se auto-escravizam – só que ao invés dos outros queimarem os seus pés, se comportam como se eles mesmos se autoagredissem para impedir de ficarem livres dessas dores.

Erros devem ser vistos como amigos que nos acompanham na caminhada da vida até que aprendamos algo. Quando você entende isso, o erro se despede e te deixa seguir sozinho, porque sabe que você entendeu o recado. Se ele volta, é porque você precisa decifrar o porque ele ainda está presente na sua vida, pois talvez você precisa melhorar algo.

A vida é curta demais para ficarmos presos as coisas que não vão mudar o que aconteceu. Viver assim é um sofrimento inútil onde só nós é que temos o poder de dizer “chega”. Aprender isso talvez seja a garantia da liberdade que você merece para entender há muitos erros mais interessantes para se conhecer, do que ficar escravo dos velhos deslizes que não vão te ajudar a crescer.

Eu quero mudar, mas não consigo!

 

Karine Rizzardi

 

Parar de fumar, regular a bebida, começar uma dieta, persistir mais na academia, iniciar um curso a muito tempo já programado, enfim, mudar…. Tudo isso representa motivações que revelam o desejo de alterar nosso comportamento, porque algo não está bem.

Você sabia que há estágios para que a mudança seja realmente estabelecida? Por isso que muitas vezes iniciamos a mudança e justamente quando não queremos, interrompemos sua ação, o que nos faz sentir culpados, gerando assim, o desânimo.

Talvez você já iniciou uma dieta pela milésima vez e não agüenta mais ter que começar tudo de novo e sem grandes resultados. Parece evidente que a motivação para a mudança é afetada por uma variedade de condições que auxiliam as pessoas a reagir.

Você irá entender agora quais são elas e aprenderá também que as tristes recaídas fazem parte desse processo, até alcançar a manutenção da mudança para resolver seu problema.

O primeiro estágio que a pessoa passa, é quando ELA NÃO ACHA QUE PRECISA MUDAR. “Meu casamento não é dos melhores, mas agente já acostumou viver assim!”, “Eu fumo maconha e sei que ela não vai fazer mal!”, “Eu tenho meu colesterol alto, mas desse problema eu não morro!”

Após alguns acontecimentos, a pessoa começa a ter consciência de seu problema e entra em um processo que experimenta razões para motivá-la, mesmo assim, ELA PENSA, MAS NÃO AGE. Situações como: “Eu não acho que tenho um problema com o excesso de trabalho. Provavelmente eu trabalhe demais, mas eu paro quando eu quiser!”

Na terceira fase, o indivíduo começa se DETERMINAR definitivamente para a mudança. Esse momento é muito importante, pois é uma janela que se abre por um determinado período de tempo. “Eu preciso fazer algo em relação a esse problema.”, “Isso é sério! Alguma coisa tem que mudar!”, “O que posso fazer para mudar?”

Sem que nos damos conta, mergulhamos na quarta fase que é a AÇÃO em si. É o momento em que a pessoa começa a agir em seu favor e começa com garra e vontade, mas mudar em pequenas doses, não garante que a mudança será mantida.

Obviamente que as experiências humanas são repletas de boas intenções, seguidas de pequenos deslizes ou grandes recaídas, mas é preciso manter o desafio de continuar persistindo para entrar na MANUTENÇÃO do comportamento, que é outro estágio e é o mais importante, pois é ele que garantirá com que nos manteremos vitoriosos. Decidir pela separação conjugal, reduzir o consumo do álcool, emagrecer ou mudar de ramo profissional, é um passo inicial, mas é seguido pelo desafio de manter isso ocorrendo.

Nesse último estágio para a mudança completa, é a própria RECAÍDA. Por mais paradoxal que seja essa afirmação, é nessa fase onde se reconhece que os deslizes são parte do processo, fazendo com que a pessoa se aproxime mais do passo da mudança efetiva, mas jamais devemos ficar parados nela.

Imagine uma roda, que faz com que você circule várias vezes por estes estágios. Assim funciona a dinâmica das mudanças em nossa vida, onde nós circulamos até que não precisamos mais dela. Dois estudiosos dessa área, Prochaska e DiClemente, descobriram que os fumantes geralmente circulavam de três a sete vezes nesse círculo vicioso, cheio de recaídas e tentativas de ações, antes de deixarem de fumar definitivamente.

Fique atento as fases em que você se encontra, para sair do círculo vicioso o quanto antes. É prazeroso explorar novas habilidades pessoais.

 

A autora é psicóloga especialista de casais e família

(45) 3224-4365

drakarinerizzardi@gmail.com

Será que meu filho está usando drogas?

Karine Rizzardi

Agressividade, prepotência, impulsividade, intolerância, onipotência, isolamento, não se preocupar com as responsabilidades da vida presente, são apenas alguns exemplos dos comportamentos que seu filho pode ter, quando os pais estão a caminho de descobrir se o filho está ou não usando drogas. Quando o uso começa a se tornar freqüente, geralmente eles desenvolvem a tendência de voltar-se para si mesmos, evitando todo tipo de confronto da realidade. Apresentam igualmente, falta de iniciativa, incertezas e descaso sobre os compromissos de rotina.

O que acontece com a estrutura familiar, antes de descobrir sobre o consumo de drogas (cigarro, álcool, maconha, cocaína, crack, doce, bala, drogas sintéticas e outras)?

A primeira característica que a família começa desenvolver para se proteger da dor e do sofrimento da descoberta, é esconder o problema. Com o agravamento do dependente, o mesmo começa a se isolar e o filho fica órfão de pais vivos, ou seja, como eles não querem sofrer com o choque da comprovação do fato, eles mesmos passam a desconsiderar os sinais que o filho está deixando referente ao uso, restringindo muito a comunicação. Outro perfil característico é perceber que  o certo e o errado se torna uma verdadeira confusão, pois passa-se a utilizar muitos extremos (Não deixar sair de casa quando acha que o filho está fazendo uso dos tóxicos e quando acha que o dependente já está curado, libera tudo).

Quando a família e o dependente já estão em recuperação, ambos mostram mais respeito e disciplina e quanto ao que os pais devem fazer e nesses casos, é importante salientar alguns tópicos:

O primeiro sentimento que deve ser evitado é o da culpa, além disso ser coisa do passado, não vai auxiliar o problema. O foco agora é se concentrar nas armas que a família tem para combater males piores. Não adianta, porém, o trabalho de “cura” com o dependente, sem estar associado com um trabalho com a família, pois se a família não se ajusta, é alto o índice da recaída da droga. O dependente precisa saber que jamais estará curado, mas sim, em recuperação, visando vencer os obstáculos a cada dia, para o resto de sua vida.

Por pior que seja a dor da descoberta, pior ainda é a conseqüência dos pais ficarem calados diante da situação, o que acarretará em usos cada vez mais freqüentes. É preciso saber que nessa hora, o apoio mútuo é mais eficaz do que a mútua acusação.

Na condição de pais, os mesmos tem todo direito de recusar solicitações do dependente sem se sentirem egoístas. Podem sim, sentir expressar a raiva, pedir carinho e ajuda, dizer “Não sei”, “Não concordo” e “Não compreendo”. Os pais devem e podem exigir que suas necessidades sejam satisfeitas, principalmente com relação ao respeito.

Aprenda a identificar os sinais, pois estes são sinalizadores significativos: A agressividade do filho,  deve ser vista como um pedido de ajuda, a falta do comprometimento, retrata o medo de enfrentar as mudanças das novas responsabilidades e o fato de achar que não tem problemas, isso nada mais é, do que uma forma de fugir dos próprios sentimentos.

A autora é psicóloga especialista de casais e família

(45) 3224-4365

drakarinerizzardi@gmail.com

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